Mato Grosso do Sul
Consumidor ainda não sente queda no preço da gasolina
A Petrobras anunciou redução de R$ 0,40 no litro da gasolina em suas refinarias.
Correio do Estado
20 de Maio de 2023 - 10:15
Com o anúncio da redução nos preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobras, o consumidor sul-mato-grossense esperava uma queda maior. Os valores praticados nas bombas dos postos de Campo Grande, tanto para a gasolina quanto para o óleo diesel, não tiveram grande impacto.
A Petrobras anunciou redução de R$ 0,40 no litro da gasolina em suas refinarias, enquanto o consumidor final ficou com queda máxima de R$ 0,25 na Capital. É o que aponta a pesquisa realizada pelo Correio do Estado em 20 postos de combustíveis de Campo Grande, entre os dias 17 e 19 de maio.
Diante desta situação, a Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor (Procon-MS) prometeu monitorar os postos de todo o Estado. Sobre as estratégias de fiscalização para coibir eventuais danos ao consumidor, o órgão frisou que segue alerta.
“Os valores de combustíveis são objeto de ação de monitoramento por equipes de pesquisa e fiscalização do Procon-MS, destacadamente neste momento de redução de preços aplicada pela Petrobras, e levam em consideração que os postos de combustível dispõem de estoques a serem atualizados com os novos preços”, justificou em nota.
Já o subsecretário de Proteção e Defesa do Consumidor de Campo Grande (Procon municipal), Cleiton Thiago Almeida, explica que no município o órgão está atuando ativamente. “Estamos com as equipes nas ruas desde quinta-feira e já tivemos 10 postos fiscalizados, e um foi autuado por ter elevado os preços sem justificativa”, relata.
O representante municipal ainda enfatizou que os postos de combustíveis só têm a obrigação de repassar o desconto aos consumidores após receberem novos abastecimentos com descontos da refinaria. “Na segunda-feira, vamos retomar as fiscalizações”, finaliza Almeida.
Vale destacar que, após a mudança nos preços da gasolina, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, avaliou que os valores da gasolina recuariam, em média, R$ 0,29, contudo, a estimativa não se consolidou, e o do diesel, R$ 0,39 por litro.
Sobre o assunto, o representante do sindicato disse, nesta sexta-feira, que o mercado é livre, tornando possível a diferença na precificação do produto.
“O proprietário pode colocar o preço que quiser, tanto para mais quanto para menos. Isso depende da distribuidora, do revendedor e de cada bandeira. Não tem multa para quem colocar preços muito altos. A concorrência é livre”, destaca.
PESQUISA
A reportagem do Correio do Estado visitou os mesmos postos de combustíveis na quarta-fera e sexta-feira. Foram 20 postos de combustíveis visitados, em diferentes regiões da cidade. Os preços conferidos nas duas ocasiões foram da gasolina e diesel, em suas versões comuns.
Enquanto a gasolina teve um leve recuo, o óleo diesel teve uma queda acima das expectativas. A Petrobras anunciou queda de R$ 0,44 no litro do combustível em suas refinarias, e, de acordo com o Sinpetro-MS, a previsão seria de um recuo médio de R$ 0,39 em Mato Grosso do Sul.
Em alguns postos, o litro do diesel caiu até R$ 0,81 e pôde ser encontrado a R$ 5,09 em postos Campo Grande. O preço do litro da gasolina foi encontrado, na sexta-feira, entre o mínimo de R$ 4,75 e o máximo de R$ 5,09; enquanto o diesel, entre R$ 5,09 e R$ 5,69.
PPI
Adotando uma nova política de preços, a estatal optou pelo fim da paridade de importação (PPI). A mudança, que incidirá diretamente sobre o mercado interno, chega trazendo novos patamares de preços para a comercialização do petróleo e seus derivados.
O novo modelo deixa de considerar o custo de importação mirando na busca por clientes e no custo de oportunidade de venda dos produtos, isso sem perder competitividade e rentabilidade. No mesmo dia, a petrolífera anunciou a queda na gasolina, no diesel e também no gás de cozinha, o gás liquefeito de petróleo (GLP).
Na formação dos preços, a companhia quer evitar o repasse da volatilidade do mercado internacional e também a taxa de câmbio ao consumidor. Situação que será alterada em sua maior parte, em virtude do fim da paridade com a moeda americana.
Sendo assim, a partir de agora, a estatal levará em conta a sua capacidade de produção e de atuação no mercado interno. O mercado internacional segue como referência, mas não como uma regra que limita e determina o processo.
Conforme reportagem publicada na edição do dia 17 deste mês do Correio do Estado, apesar do alívio imediato para o consumidor, os especialistas alertam que os impactos de médio a longo prazo não ficaram claros, uma vez que nenhum cálculo específico referente ao novo método de estratégia de preço foi anunciado pela estatal. De acordo com o doutor em Economia Michel Constantino, este um assunto que é anunciado desde o início da campanha do governo Lula.
“Então, mostra que vai mudar a questão de normalizar os preços, que hoje sofrem com a volatilidade do dólar e do preço do barril internacionalmente. Não está muito claro como isso vai acontecer, então essa dinâmica de atualização de preço vai demorar mais tempo”.
“O que não deixa muito claro, também, é se as reduções e os aumentos vão se acumular e serem e aplicados de uma vez. Isso vai pelo menos deixar mais previsível, dá uma alta previsibilidade ao mercado”, comentou.