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Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul tem 40% das cidades com focos de incêndios

Das 79 cidades do estado, 32 têm pelo menos um foco de calor ativo nas últimas 48 horas.

G1 MS

12 de Setembro de 2024 - 15:08

 Mato Grosso do Sul tem 40% das cidades com focos de incêndios
Incêndios se espalham por todo Mato Grosso do Sul. Foto: Reprodução

O fogo se alastra por todas as regiões de Mato Grosso do Sul. Das 79 cidades, 32 registraram focos de incêndios nas últimas 48 horas. Ao todo, o estado tem 389 pontos de calor ativos. Os dados são do sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) BDQueimadas.

Corumbá, na região do Pantanal, lidera o ranking com mais focos de incêndio em Mato Grosso do Sul, são 97 pontos de calor. Depois, Porto Murtinho, com 45, e Jateí, ao sul do estado, com 41. Desde junho deste ano, 12 cidades do estado estão em situação de emergência por causa dos incêndios florestais. Veja a lista com as 10 cidades com mais focos abaixo:

  1. Corumbá: 97 focos;
  2. Porto Murtinho: 45 focos;
  3. Jateí: 41 focos;
  4. Água Clara: 23 focos;
  5. Rio Negro: 19 focos;
  6. Aquidauana: 18 focos;
  7. Itaquirai: 16 focos;
  8. Terenos: 13 focos;
  9. Naviraí: 12 focos;
  10. Aparecida do Taboado: 10 focos.

No sul, Ponta Porã (MS) - que fica na fronteira entre Brasil e Paraguai - já está encoberta de fumaças de incêndios vindos do país vizinho. Em Miranda, no Pantanal, as chamas assustam até os bombeiros, que estão acostumados com o combate ao fogo.

Em Sidrolândia, moradores do Assentamento Santa Mônica foram surpreendidos pela força do vento e o fogo. Faíscas levaram as chamas para propriedades rurais nessa quarta-feira (11). Nesta quinta (12), produtores ainda tentam apagar as chamas com ajuda de brigadistas. Na semana passada, todo o estado ficou encoberto pelas fumaças dos incêndios.

Campo Grande está encoberta de fumaça de queimadas. O que antes era uma preocupação apenas no Pantanal, tem tomado proporções maiores. A escalada dos incêndios é veloz por todo Mato Grosso do Sul e assusta moradores. Segundo especialistas, a seca severa e falta de chuva têm aumentando a propagação das chamas.

Ao todo, quatro cidades do estado não registram chuvas há mais de 100 dias. Chapadão do Sul (MS) é a cidade mais afetada, com 150 dias sem chuva, seguido por Paranaíba (MS), com 149 dias sem precipitações. Na terceira posição aparece Cassilândia (MS), com 147 dias, e Costa Rica (MS), com 109.

Assentamento é tomado por fogo

Moradora tenta apagar fogo com balde cheio de água. — Foto: Vinícius Souza/TV Morena
Moradora tenta apagar fogo com balde cheio de água. Foto: Vinícius Souza/TV Morena

O Assentamento Santa Mônica fica em Sidrolândia, região central de Mato Grosso do Sul. De acordo com as informações do Corpo de Bombeiros, o incêndio de grandes proporções atingiu morros ao redor das propriedades rurais. Moradores tentam apagar o fogo com mangueiras e baldes cheios de água.

Em uma espécie de mutirão, bombeiros, produtores rurais e a população juntos apagaram os focos de incêndio que ameaçavam residência e criações de gado. Nesta quinta, brigadistas permanecem no local atentos aos ventos e a direção do fogo.

Elaine é moradora do assentamento. Ela viu o fogo chegar próximo da residência. Com medo, tentou salvar o que pôde. "Foi de repente. O vento estava forte, estávamos cuidando e apagamos com mangueira. O fogo chegou com tudo. O vento é muito forte, a faísca tomou conta. Do jeito que o fogo chegou, levou tudo".

O produtor rural Júnior Moraes não estava em casa quando o fogo começou a se alastrar. Se não fosse a ajuda dos vizinhos, o fazendeiro teria perdido o gado que estava próximo das chamas.

"O fogo veio ligeiro. Não deu tempo de salvar muita coisa. Ainda bem que os companheiros tiraram o gado e o curral foi destruído. Levamos o gado para os vizinhos. É desesperador, ficamos muito desesperados. Em vários outros lugares, o fogo tem consumido, tudo rápido", disse o produtor rural.

Fogo por todas as regiões

Áreas de Mata Atlântica, Cerrado e do Pantanal estão em chamas em Mato Grosso do Sul. Equipes do Corpo de Bombeiros Militares (CBMMS) atuam em diversas frentes pelo estado. Veja abaixo quais são as frentes de atuação mais recentes:

  • Região de Paiaguás: É realizado o combate aos focos que estão localizados próximo à divisa com estado do Mato Grosso, às margens do Rio Piquiri;
  • Regiões do Paraguai Mirim - Corumbá: No dia 10, os militares foram deslocados para realizar o combate aos focos que ameaçavam a comunidade e até então permanecem no local;
  • Regiões do Nabileque - Corumbá: Foram plotados focos na área. A sala de situação empenhou militares para atuar no combate e extinção do fogo;
  • Região do Porto Índio - Corumbá: Os militares se mantêm no enfrentamento do fogo há seis dias, atuando de forma ininterrupta para evitar que o fogo avance para a fronteira com a Bolívia;
  • Região de Miranda: Foi realizado o uso de água na região com o KC-390. As três frentes - microrregião do Salobra, Betione e Retiro Chora - contam com combatentes, e a prioridade é proteger os moradores ribeirinhos;
  • Região de Aquidauana: As equipes se encontram em combate próximo à MS-170, para evitar que o fogo se alastre pela vegetação da região;
  • Região de Costa Rica: Com dois focos ativos distintos na região, as guarnições se mantêm em combate, em área de difícil acesso devido aos focos estarem em região de serra;
  • Região de São Gabriel do Oeste: O combate na cidade continua objetivando o extermínio total dos focos ativos na região;
  • Região de Porto Murtinho: Com ações estratégicas de combate os bombeiros se mantêm atuando na área, contendo os focos e evitando assim sua propagação;
  • Região do Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema - Naviraí: Estão sendo realizadas ações de combate na região desde o dia 05 do corrente mês. A aeronave Air Tractor do CBMMS está no local dando apoio aos militares em solo.
  • Outros pontos que estão apenas em monitoramento: Regiões de Aparecida do Taboado, Água Clara, Estrada Parque - Corumbá e Chapadão do Sul.

Sul do estado também registra incêndios

Fogo no Paraguai se espalha para o Pantanal e deixa céu na fronteira vermelho. Na região sul do estado, os incêndios também colocam em risco grandes fazendas. Os incêndios no Paraguai têm se espalhado para o Pantanal. As chamas no Chaco Paraguaio já destruíram mais de 100 mil hectares de vegetação no país vizinho. Os impactos ultrapassaram as fronteiras e podem ser vistos em Mato Grosso do Sul. A fumaça chegou à região fronteiriça, deixando o céu vermelho em Ponta Porã (MS).

No vídeo acima, é possível ver a densa fumaça sobre a cidade na fronteira. Imagens de satélites mostram a névoa espaçada sobre Mato Grosso do Sul. Conforme apurado pelo g1, os incêndios começaram a ficar mais intensos no último fim de semana. A situação é mais grave no departamento de Amambay, estado paraguaio. A camada de fuligem também se espalha pelo Paraguai, com registros até na capital do país, Assunção.

O g1 apurou que o governo de Mato Grosso do Sul, por meio dos Bombeiros, e o representantes do governo do Paraguai devem realizar uma reunião nesta quinta-feira (12). A pauta é o grande incêndio que assola o país vizinho e coloca em risco grande parte do Pantanal, no Brasil.

Pantanal em chamas

Pantanal sofre mais uma vez com seca severa a incêndios devastadores — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Pantanal sofre mais uma vez com seca severa a incêndios devastadores. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

No Pantanal, quase 3 milhões de hectares no Pantanal foram destruídos pelas chamas. Nos primeiros 10 dias de setembro, 736 focos de incêndios foram registrados, o dobro de setembro inteiro do ano passado (373 focos), segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).

Os incêndios na Bolívia estão mais intensos desde o começo deste mês. Brigadistas brasileiros estão na Bolívia em combate ao fogo para impedir o avanço para a formação rochosa.

Considerado santuário da biodiversidade no Pantanal e Patrimônio Natural da Humanidade, a Serra do Amolar corre risco de ser atingida pelas chamas que se alastram pela Bolívia. Para evitar a destruição, brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), estão no país vizinho em combate.

Brigadistas do Ibama iniciam combate a incêndio na Bolívia que ameaça Serra do Amolar, no Pantanal. Segundo o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), a linha de fogo que ameaça a Serra do Amolar e os Guatós tem cerca de 60 quilômetros de extensão. A chefe de planejamento de operações do Ibama no Pantanal, Thainan Bornato, explica que a ida dos brigadistas brasileiros à Bolívia é uma ação para proteção do território do Brasil, em específico à área da comunidade indígena Guató".

São 12 brigadistas autorizados para irem à Bolívia e voltarem. A autorização é para proteger os indígenas. O fogo era observado, mas não tinham a autorização para entrar. Os brigadistas estão no combate durante o dia, na Bolívia, e voltam ao território Guató. Enviamos com apoio do Exército, Marinha e Aeronáutica", explica a representante do Ibama.