Mato Grosso do Sul
Mortes por afogamento em MS crescem 700% no mês de janeiro; 1 a cada 3 dias
Somente no último domingo, três pessoas morreram em rios do estado.
Correio do Estado
30 de Janeiro de 2019 - 15:07
O número de mortes por afogamento nos rios de Mato Grosso do Sul é de pelo menos oito em janeiro de 2019. O saldo, que leva a uma média de três casos por dia, representa aumento de 700% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando houve apenas uma ocorrência do tipo conforme estatísticas do Corpo de Bombeiros.
De acordo com o aspirante a oficial dos bombeiros Alex Cano, o cenário é reflexo da imprudência aliada ao período de calor e férias. Com tempo ocioso, o número de banhistas aumenta, incluindo crianças. Levantamento feito pelo Correio do Estado aponta que oito pessoas morreram nos primeiros 30 dias deste ano. Por outro lado, dado oficial dos bombeiros apontam para apenas três casos.
No entanto, só no domingo foram três mortes. Sebastião Ruel da Silva, de 46 anos, e seu sobrinho, João Paulo Vieira Ruel, de 13, morreram afogados nas águas do rio Paraná, em prainha no município de Eldorado. As vítimas nadaram em direção a correnteza e não conseguiram voltar. No mesmo dia, Wilson Vieira Machado, de 43 anos, morreu afogado depois de cair no rio Amambai, na região de Naviraí. Ele teria caído da ponte da BR-163 e teve o corpo resgatado pelo Corpo de Bombeiros.
Na semana passada, uma menina morreu afogada no Rio Miranda, em Miranda e Deyvid Kelvis Pereira da Silva, de 18 anos, morreu ao tentar salvar uma criança que se afogava no rio Santo Antônio, perto da ponte da rodovia MS-382, em Guia Lopes da Laguna. Além de outros três casos. Por sua vez, Cano explica que a disparidade nos números se deve ao fato de como as ocorrências são registradas. “Aqui a gente contabiliza só boletins de ocorrência por afogamento. Às vezes o caso é registrado de outra forma, como acidente, desaparecimento ou morte a esclarecer. Por isso há essa diferença”, explicou.
CUIDADOS
A irresponsabilidade é o principal causador das mortes, explica ele. Existem uma série de cuidados que devem ser adotados, mas que as pessoas na maioria das vezes ignoram. “Em casos de rios e lagos, nunca se pode entrar de cabeça, ainda mais onde o banhista não conhece. Nossas águas são turvas e com baixa visibilidade, por isso é preciso tatear aos poucos com os pés. Também é importante nadar preferencial em áreas delimitadas para banhistas e próximos de guarda-vidas, onde houver”.
Os pais também devem ser atentos às crianças, impondo limites e, na medida do possível, usar coletes e boias. “Em certos locais a correnteza é forte e fica difícil sair, até mesmo para nós que somos treinados. É preciso estar atento aos redemoinhos que puxam a pessoa para dentro da água. Tudo deve ser feito com muita cautela”, pontuou ele.
Clubes que oferecem atividades de lazer precisam apresentar e ter aprovado junto ao Corpo de Bombeiros projeto contra incêndio e pânico. Após executado o projeto, o local passa por vistoria para receber Certificado de Vistoria que deve ser afixado em local visível ao público.
Clubes com piscinas devem ainda disponibilizar duas bóias, dois coletes salva-vidas e dois guarda-vidas experientes para cada 500 metros quadrados de lâmina de água. As regras valem também para balneários e rios, que ainda têm a obrigação de sinalizar a parcela do rio destinada aos banhistas.
Para evitar acidentes e afogamentos, os balneários e piscinas de clubes e condomínios devem possuir acessos restritos que podem ser feitos com cercas, portões ou outros elementos que delimitam as áreas de água e que contenham placas com informações sobre a profundidade, bem como permissão ou proibição de mergulho.
É importante também que os pais estejam atentos aos filhos e respeitem as regras de prevenção. Crianças com menos de 12 anos devem ser sempre acompanhada pelos pais, que não devem se distrair com diálogos ou utilização de aparelhos celulares e tablets.
Os banhistas devem ainda cumprir todas as orientações e determinações dos guarda-vidas, evitar brincadeiras que coloquem a segurança em risco durante o nado ou mergulho e evitar mergulhos em locais com profundidade menor que o dobro da altura corporal.