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Mato Grosso do Sul

Redemoinho de fogo é registrado no Pantanal; incêndios ameaçam onças

Altas temperaturas, umidade baixa e fortes rajadas de vento contribuem para o retorno das chamas.

G1 MS

03 de Agosto de 2024 - 08:35

Redemoinho de fogo é registrado no Pantanal; incêndios ameaçam onças
Redemoinho de fuligem é registrado no Pantanal. Foto: Reprodução

Um redemoinho gigante de fogo e fuligem foi registrado na região da Reserva Natural Santa Sofia, no Pantanal, às margens do rio Negro, em Miranda (MS). As chamas no local têm ameaçado propriedades privadas e grandes áreas de conservação ambiental, como a fazenda do cantor Almir Sater e a Estância Caiman, considerada santuário das onças pintadas no estado.

O vídeo do redemoinho foi feito pelo brigadista da ONG SOS Pantanal Gilson Gonçalves durante reconhecimento de área para combate às chamas no dia 25 de julho. As imagens foram divulgadas apenas nessa quinta-feira (1º). O coordenador do Prevfogo no estado, Márcio Yule, explica que o redemoinho consegue jogar faíscas em áreas distantes.

O bioma voltou a arder em chamas há duas semanas. Os focos de calor chegaram a zerar e novos incêndios não foram registrados por cerca de 10 dias na região pantaneira. Porém, as altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar fizeram com que o fogo retornasse na região. Este cenário já era esperado por especialistas.

Fortes rajadas de ventos fizeram com que os focos de incêndio, que antes estavam concentrados em Corumbá, mudassem de direção, de acordo com meteorologistas e especialistas do Corpo de Bombeiros.

“O calor extremo cria uma área de baixa pressão ao redor do fogo, atraindo mais ar e intensificando o giro. À medida que o ar quente e ascendente gira, ele forma uma coluna de fumaça visível, funcionando de forma similar a um tornado comum”, explica o meteorologista da Climatempo Guilherme Borges.

O fogo consome o bioma há mais de três meses. Quase 1 milhão de hectares foram destruídos, o que deixa um rastro de devastação ambiental e morte de animais. Para se ter uma dimensão, a área completamente destruída representa mais de 6% de todo o território pantaneiro. Nesta sexta, 241 focos de calor estão ativos em todo Pantanal. Do total, 55% dos incêndios são em Miranda e Aquidauana, cidades que são margeadas pelo rio Negro

Fogo ameaça santuário das onças-pintadas

Onça-pintada Anouk de boa no galho neste feriado, na Fazenda Caiman, em Miranda. — Foto:  Lucas Morgado/Onçafari
Onça-pintada Anouk de boa no galho neste feriado, na Fazenda Caiman, em Miranda. Foto: Lucas Morgado/Onçafari

Militares do Corpo de Bombeiros, do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e brigadistas voluntários estão empenhados no combate às chamas, no Pantanal, na região do rio Negro.

Conforme apurado pelo g1, não foi possível precisar a área total atingida pelo fogo. Entretanto, na Reserva Natural Santa Sofia, que abriga a ONG Onçafari e a Estância Caiman, cerca de 12 mil hectares foram consumidos pelas chamas nesta semana.

Além dos militares em campo, aeronaves ajudam no combate e no despejamento de água sobre as linhas de fogo. Uma iniciativa de produtores rurais da região também passou a usar aviões agrícolas para atuação contra o fogo.

Atualmente, quatro grandes focos de calor estão concentrados na Reserva Santa Sofia, como explica a representante da ONG Onçafari Ananda Andrade. "O fogo está mais forte na área da sede da fazenda e nos recintos de animais que não podem ser reintroduzidos na natureza", explicou.

A especialista comenta que o fogo é uma grande ameaça às onças-pintadas, animal topo da cadeia alimentar no Pantanal. Além do felino, outras espécies menores também são afetadas pelas chamas.

"O fogo não parou, continua se alastrando. Também existem os bichos que são menores. A oferta alimentar para a onças diminui, há a chance de queimar as patas desses bichos. O primeiro impacto do fogo é na ideia de formar corredores ecológicos. Cada vez fica mais difícil ter resguardo para a fauna e a flora pantaneiras", contextualiza.

Fazenda de Almir Sater

Fazenda de Almir Sater no Pantanal é atingida por incêndios e cantor pede ajuda ao presidente Lula — Foto: Redes sociais
Fazenda de Almir Sater no Pantanal é atingida por incêndios e cantor pede ajuda ao presidente Lula. Foto: Redes sociais

O cantor sul-mato-grossense Almir Sater pediu ajuda ao presidente Lula para impedir que o fogo se alastrasse para a fazenda Campo Novo, na região do rio Negro, no Pantanal de Aquidauana (MS). O contato foi feito após a fazenda do músico ser ameaçada pelas chamas, no início desta semana.

A conversa entre os dois ocorreu um dia antes do presidente chegar ao Pantanal de Mato Grosso do Sul. Nessa quarta-feira (31), Lula sobrevoou a área pantaneira, onde conseguiu ver a vegetação queimada e também o trabalho dos brigadistas.

Fogo próximo à fazenda de Almir Sater. — Foto: CBMMS/Reprodução
Fogo próximo à fazenda de Almir Sater. Foto: CBMMS/Reprodução

Em entrevista a Rede Matogrossense de Comunicação (RMC), o presidente da república contou que o músico descreveu a situação como "um horror". "Ele disse que estava muito feia a coisa, que estava um negócio de horror e pediu ajuda", informou o presidente.

Durante a ligação, Lula mencionou as medidas que já estavam sendo tomadas para controlar as chamas na região. Ao todo, o governo federal disponibilizou cerca de 800 brigadistas para combater os incêndios que atingem todo o território pantaneiro.