Meio Ambiente
Com 2.825 pontos de incêndio, Pantanal tem pior outubro da história, indicam dados do Inpe
G1
29 de Outubro de 2020 - 07:33
O Pantanal já tem o pior mês de outubro em focos de incêndio da história: desde o dia 1° até a quarta-feira (28), dados mais recentes disponíveis, foram registrados 2.825 pontos de fogo no bioma, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O recorde até então para o mês era de 2002, quando haviam sido registrados 2.761 focos. O monitoramento do Inpe começou em 1998.
Os focos de outubro também já haviam ultrapassado, 15 dias antes do fim do mês, o total visto no mesmo período do ano passado (veja gráfico).
As altas de outubro vêm depois de o bioma ter a pior quantidade de incêndios mensais na história – para qualquer mês – em setembro. Antes disso, nos primeiros 17 dias de setembro, os recordes para aquele mês também já haviam sido ultrapassados.
O bioma também registrou o pior julho e o segundo pior agosto da história. Este ano já era o pior em pontos de fogo no bioma – que, até 2018, era o mais preservado do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Antes, o acumulado mais alto havia sido registrado em 2005, com 12.536 focos em todo o ano (veja gráfico acima). A alta neste ano já é de 68%.
Chuva não indica fim da seca
O Pantanal enfrenta a sua pior seca em 47 anos – o que contribui para o alastramento do fogo. O bioma pantaneiro é a maior planície alagada do mundo, mas, quando não chove, a planície não alaga, o que permite que o fogo se espalhe.
Apesar da chuva vista recentemente no bioma – que fez os números de focos de incêndio caírem bastante em alguns dias deste mês – especialistas alertam que ele deve demorar a se recuperar.
"Não vai ser uma chuva que vai transformar a condição de seca. Os impactos causados por essa longa estiagem vão atuar ainda algum tempo na região", afirma o pesquisador Marcelo Parente Henriques, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa pública brasileira.
O solo – que oscila entre vegetação e sedimento, segundo Henriques – vira uma biomassa que fica como uma turfa apodrecida, "um excelente material para queima", diz o especialista.
Com atribuições do Serviço Geológico do Brasil, a CPRM monitora, entre outros dados, os níveis dos rios brasileiros.