Meio Ambiente
Pantanal de MS foi uma das regiões mais quentes do planeta no mês de junho
Relatório da NOAA mostra que região registrou temperaturas de 1.5°C a 2.0°C acima da média.
Campo Grande News
20 de Julho de 2024 - 09:18
A região pantaneira de Mato Grosso do Sul foi identificada como uma das áreas mais quentes do planeta no mês de junho, de acordo com um relatório da NOAA (Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos). Este relatório também revelou que o 1° semestre de 2024 foi o mais quente já registrado globalmente, com temperaturas de superfície que atingiram 1,29°C acima da média histórica do século 20.
A NOAA destacou que as temperaturas recordes foram observadas tanto em terra quanto na superfície do mar, com aumentos variando entre 1,5°C e 2,0°C acima da média global. O meteorologista do Cemtec (Centro Estadual de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinicius Sperling, ressaltou que a região pantaneira ficou mais quente que a média global.
“Chama atenção a área de Mato Grosso do Sul e do Paraguai, que registraram temperaturas de 1.5°C graus a 2.0°C acima da média. Conforme o NOAA, nossa região ficou mais quente do que a média global”, explica o meteorologista do Cemtec.
Vinicius também mencionou que o monitoramento das secas pelo órgão da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) indicou uma mudança significativa nas condições de seca em MS. "Observamos uma transição de seca moderada para seca grave em partes do Pantanal durante junho de 2024, em pleno período de chuvas", afirmou.
O secretário da Semadesc e coordenador do CICOE (Centro Integrado de Controle Estadual), Jaime Verruck, explicou que a média de temperatura vem superando os registros históricos desde o ano passado, o que tem gerado sérios problemas ambientais, como uma crise hídrica na bacia do Paraguai devido à baixa precipitação.
"Diante dessa situação, foi declarado estado de emergência ambiental há mais de seis meses, prevendo a tendência de baixa pluviosidade. A seca prolongada afetou as lavouras de soja e milho e aumentou a frequência de incêndios, principalmente no Pantanal", acrescentou Verruck.
A previsão para os próximos meses é preocupante, com chuvas esperadas apenas a partir de outubro. A baixa umidade e os ventos intensos elevam os riscos de novos focos de incêndio, exacerbando a crise já existente.
Operação Pantanal - Desde o início do ano, aproximadamente 594 mil hectares do Pantanal Sul-mato-grossense foram queimados, representando 6% da área total do bioma no Estado. Para combater os incêndios florestais, a Operação Pantanal 2024 mobilizou 516 bombeiros militares, além de integrantes do Ibama, ICMBio, PrevFogo, Força Nacional e Forças Armadas, que totalizam mais de 400 pessoas.
A operação, que já dura mais de 100 dias, conta com 11 aeronaves de combate ao fogo, incluindo aviões modelo Air Tractors e helicópteros, além do cargueiro KC-390 da Força Aérea, e 39 veículos entre caminhonetes, caminhões e lanchas.
A intensificação das ações de combate aos incêndios contou com a visita da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, junto com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Eles formalizaram o reforço financeiro de R$ 137,6 milhões para atividades de combate ao fogo, aquisição de equipamentos, transporte e logística.
Além do aporte federal, o governador Eduardo Riedel alocou mais de R$ 25 milhões dos cofres estaduais em 2024 para reforçar a estrutura do Corpo de Bombeiros. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional também liberou R$ 13,4 milhões para a Defesa Civil de Mato Grosso do Sul, destinados à aquisição de combustível, equipamentos de proteção individual, ajuda humanitária às comunidades ribeirinhas e locação de veículos e equipamentos.
O secretário da Semadesc também alertou os produtores sobre a proibição de qualquer tipo de queimada. “Está proibido qualquer tipo de queimada, inclusive as controladas, por um período de 180 dias. Essa medida foi tomada devido ao risco elevado de incêndios. É importe frisar essa proibição, pois os infratores serão autuados. Já foram iniciados 20 inquéritos para responsabilizar aqueles que desrespeitarem a proibição”.