Policial
Indígenas ocupam fazenda em Rio Brilhante
Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) diz que 'os indígenas temem um novo massacre'.
G1 MS
04 de Março de 2023 - 10:44
Indígenas das etnias Kaiowá e Guarani ocuparam a sede de uma fazenda, em Rio Brilhante (MS), nesta sexta-feira (3). Várias viaturas da Polícia Militar estão no local. Assista vídeo acima.
Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou que várias famílias foram acampar na sede da fazenda e pedem pela retomada da área, que segundo os indígenas, são terras ancestrais. Ainda conforme o Cimi, há crianças, idosos e adultos no local da reinvindicação para retomada do território chamado de Laranjeira Nhanderu, pelos povos originários.
A liderança do movimento, Guyra Arandú, alega que os indígenas sofrem com condições degradantes nos últimos anos. Segundo a representação, o objetivo do movimento é "acabar com as muitas décadas de dureza, fome, violência, racismo, veneno, intoxicação, confinamento, ameaças e trapaças dos fazendeiros, para poder garantir o que está na Lei maior de 88 [Constituição Federal de 1988], mas que o Brasil não cumpre.
Só assim as famílias do tekoha [lugar onde se é], nossos velhinhos, nossas crianças vão encontrar dignidade e vão poder viver em paz’’. As lideranças informaram que pela manhã, policiais militares foram ao local e iniciaram processo de despejo.
“Os indígenas levantaram barracos de lona e se estabeleceram no local. Ocorre que a Polícia Militar já está no local ameaçando despejá-los sem ordem judicial. No último episódio que isso ocorreu, o indígena Vitor Fernandes foi assassinado e dezenas de pessoas foram feridas na retomada Guapoy, em Amambai, em junho de 2022", detalha o assessor jurídico do Cimi, Anderson Santos.
Ao g1, a PM informou que está no local justamente para evitar conflitos entre indígenas e produtores rurais. Segundo a assessoria da corporação, o grupo de indígenas é pequeno e que algumas pessoas estão"tentando entrar na propriedade". "A PM está no local para evitar o conflito. Se trata de uma área em que já há uma invasão. E um outro grupo de indígenas estaria tentando entrar na área", informou a PM.