Policial
Magno e mais oito indígenas completam 20 dias presos
Como destaca o advogado - e a própria Defensoria Pública da União (DPU), indicando que houve ilegalidades.
Correio do Estado
28 de Abril de 2023 - 13:42
Em Mato Grosso do Sul, Magno de Souza e outros oito indígenas permanecem presos, passados já 20 dias desde que foram levados por realizarem protesto contra construção de condomínio de luxo na região da mais populosa reserva indígena do País.
Anderson Santos, que é advogado do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), aponta que os nove aguardam ainda um julgamento de Habeas Corpus, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, prometido desde que os indígenas foram presos.
Como destaca o advogado - e a própria Defensoria Pública da União (DPU), indicando que houve ilegalidades nas prisões -, as prisões até então foram arbitrárias. Ainda, há o temor de que novos indígenas sejam levados, visto que, até mesmo diante das prisões sem respostas, os povos da região planejam novas reuniões e protestos em pressão.
Magno de Souza, ex-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Partido da Causa Operária (PCO), é um dos mais de 20 mil indígenas que vivem confinados nos hectares da Terra Indígena (TI) Peguá, em Dourados.
Contra SPA de luxo
Esses povos locais organizam acampamentos contra a ocupação de território por um empreendimento, tocado pela Corpal Incorporadora, que prevê a construção de um condomínio de luxo próximo ao Anel Viário batizado de "Portofino", um Spa Resort com terrenos a partir de 300 m² a venda.
Com salão de festas; espaço para boliche; playground e piscinas, além de quadras poliesportivas e pomar, a obra do empreendimento só deu início à duas (serviços preliminares e fechamento perimetral) das onze etapas de implantação, que sequer foram finalizadas.
Além das prisões, manifestações indígenas buscaram chamar atenção não só para os presos levados, como para a situação da reivindicação do território. Através da Assembleia Geral, Aty Guasu, do povo Guarani Kaiowá, os incidentes do território Yvu Vera em Mato Grosso do Sul contra os povos indígenas tem tomado notoriedade, com episódios de violência por forças policiais sendo exibidos e divulgados nas redes sociais.
No município, além das prisões, descritas como arbitrárias, famílias indígenas revelam ainda ataques por parte de pistoleiros de fazendas, que até mesmo incendiaram ocas/casas em Dourados.