Policial
Trabalhador tenta provar que virou réu por erro na investigação
No dia 28 de novembro de 2021, Cirleno Vaz de Almeida foi morto com um tiro na cabeça, além de ter sido atingido por golpes de faca.
Redação/Região News
29 de Janeiro de 2023 - 20:31
Embora more em Itaquiraí, município a 364 km de Sidrolândia e no dia do homicídio (28 de novembro de 2021) tenha batido o cartão de ponto e cumprido expediente no frigorífico onde é funcionário há 4 anos, Natanael de Souza Pereira, se tornou réu por homicídio qualificado, cometido na zona rural do município por um homônimo dele residente na divisa com Maracaju.
O advogado do Natanael de Itaquiraí está empenhado em demonstrar que houve um erro na investigação conduzida pela Polícia que não conseguiu capturar o autor do crime que morava na região do Piqui, quase na divisa com Maracaju.
No dia 28 de novembro de 2021, Cirleno Vaz de Almeida foi morto com um tiro na cabeça, além de ter sido atingido por golpes de facão. O crime aconteceu a 35 km da área de urbana de Sidrolândia, num bar no Assentamento Vacaria, onde a vítima estava bebendo em companhia da irmã.
Natanael, prenome do suspeito do crime, que naquela noite cuidava do bar, teria partido pra cima da vítima, irritado com um esbarrão de Cirleno, que conforme testemunhas, naquela altura da noite já estaria embriagado.
Embora o inquérito tenta sido encerrado em agosto do ano passado (após ser prorrogado por 90 dias), Natanael não depôs, já que o real suspeito do crime fugiu e não foi localizado pela Polícia.
Ele só tomou conhecimento que estava sendo acusado de homicídio pelo qual pode ser condenado a pena de 12 a 30 anos, no último dia 30 de novembro, quando foi notificado pelo oficial de Justiça.
O juiz da Vara Criminal de Sidrolândia, Cláudio Müller Pareja, acolheu a denuncia do Ministério Público, mas rejeitou o pedido de prisão preventiva. O advogado de Natanael já apresentou a defesa prévia e nos próximos dias será marcada a audiência de instrução e julgamento.
Na semana passada o Tribunal de Justiça rejeitou a liminar num pedido de habeas corpus para trancar a ação penal por falta de objeto. A 3ª Câmara Criminal negou negou o recurso apresentado pelo advogado.
O entendimento é que nas próximas etapas do processo Natanael terá oportunidade de apresentar defesa. Trancar a ação penal, segundo o entendimento adotado pelos desembargadores, seria antecipação do julgamento do mérito.
De acordo com o advogado do trabalhador, Osvaldo Dettmer Júnior, a Polícia Civil não aprofundou as investigações, baseando-se num levantamento do SIGO localizou um Natanael cujo pai tem o mesmo nome do genitor do trabalhador de Itaquiraí.
A polícia tomou como base também uma mensagem por WhatsApp enviada pelo suspeito do crime para o filho do dono do bar, Escobar Ewerton, na qual informa que tinha acabado de matar um cliente.
Além da mensagem de texto, Natanael que morava no Assentamento Vacaria, enviou um áudio por volta da meia-noite em que relatava :" Fala pra seu pai que matei Cirleno. Fala que na hora que a Polícia fosse para a sede do Assentamento eu iria me entregar ".
No dia seguinte ao homicídio, 29 de novembro de 2021, o então delegado Diego Dantas, encaminhou ofício à Vivo (operadora da linha do Natanael que de fato teria cometido o crime) para saber o número do CPF dele. Esta resposta não chegou até agora. Também não foi atendida a recomendação do então delegado para o SIG (Serviço de Investigações) retomar as buscas do foragido. O responsável pelo Serviço alegou que fazer novas diligência na captura do assassino seria “desperdício de recurso público”, já que ele estaria escondido em algum ponto remoto na região do Piqui.
O crime
O proprietário do bar onde o crime aconteceu, Jorge Alves, revelou que Natanael morava há 5 meses nos fundos do estabelecimento. Ele mantinha uma banca de venda de frutas às margens da MS-162 perto dos trilhos na região do Piqui. No dia 28 de novembro, o comerciante resolveu visitar o filho e pediu que Natanael tomasse conta do bar naquela noite.
Por volta das 22 horas, quando Cirleno (conforme relato da irmã dele) já estava embriagado, de brincadeira esbarrou em Natanael que não gostou. Passou a discutir com a vítima e na sequência pegou um facão e desferiu 3 golpes nas costas do rapaz que se escondeu embaixo da mesa de bilhar até morrer após ser ferido com uma bala de espingarda.
Linha de defesa
O advogado do Natanael residente em Itaquiraí juntou na defesa prévia que apresentou ao juiz cópias do registro de ponto referente a novembro de 2021 (quando aconteceu o crime), além dos contracheques dos salários que recebeu. " É mais evidente que Natanael de Souza Pereira não é o mesmo que cometeu o crime de homicídio.