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Política

Com Lula, Maduro pede diálogo direto entre Venezuela e Brasil

Presidentes se encontraram nesta segunda-feira no Palácio do Planalto.

Correio do Estado

29 de Maio de 2023 - 15:45

Com Lula, Maduro pede diálogo direto entre Venezuela e Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que a reunião com o presidente Lula (PT) inaugurou uma nova era de relações entre os dois países sul-americanos, e disse esperar um diálogo direto e uma relação horizontal.

"Relações entre Brasil e Venezuela foram truncadas e revertidas de um dia para outro", afirmou Maduro. "De repente, o Brasil fechou todas as portas e as janelas [para a Venezuela], sendo os dois países vizinhos, que se gostam como povos".

Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou a volta de todos os diplomatas brasileiros em Caracas e reconhecia o líder opositor Juan Guaidó como presidente.

Maduro disse esperar que portas brasileiras não voltem a se fechar. "Temos à nossa frente a construção de um novo mapa de cooperação, que possa abranger as áreas de relacionamento horizontal entre os povos, permitindo diálogo direto entre Brasil e Venezuela, bem como de toda a América do Sul", declarou.

Presidente brasileiro disse considerar "absurdo" que pessoas que defendem a democracia neguem o governo de Maduro, e ressaltou a relação comercial entre os dois países. "Nossa relação comercial já teve um fluxo de praticamente 6 bilhões de dólares, e hoje tem pouco menos de 2 bilhões de dólares. Isso é ruim para a Venezuela e para o Brasil", afirmou. Maduro é presidente da Venezuela desde 2013, mas realizou diversas manobras de censura e ataques a opositores para se perpetuar no poder.

Lula recebeu Maduro hoje no Planalto em uma série de reuniões que fará com líderes sul-americanos nesta semana. Apenas a presidente do Peru, Dina Boluarte, não virá à capital federal, já que enfrenta impedimentos constitucionais.

Sucessor de Hugo Chávez, Maduro é líder da Venezuela desde 2013. A Assembleia Constituinte instalada em 2017 não é reconhecida por vários países, incluindo o Brasil. No ano passado, a ONU denunciou que agências do governo cometem crimes contra a humanidade para reprimir a oposição.

Durante a reunião, o presidente Lula afirmou ser favorável à entrada da Venezuela no Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Lula foi questionado sobre o assunto por uma jornalista da televisão estatal da Venezuela, durante declaração conjunta, ao lado de Nicolás Maduro.
"Se perguntar a minha vontade, eu sou favorável", disse o brasileiro.

Lula, no entanto, afirmou que a próxima cúpula do bloco vai ser a sua primeira depois de vários anos. E que, se houver pedido oficial da Venezuela, ele será levado oficialmente e o bloco vai deliberar.

Maduro, por sua vez, afirmou que o "Brics é o grande ímã dos que querem um mundo diferente".