Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Quinta, 26 de Dezembro de 2024

Política

Deputados bolsonaristas de MS dizem que depoimento de hacker não tem credibilidade

Marcos Pollon chama declaração de "conversa de bêbado", enquanto João Henrique Catan diz que falas dele estão "contaminadas".

Correio do Estado

17 de Agosto de 2023 - 14:15

Deputados bolsonaristas de MS dizem que depoimento de hacker não tem credibilidade

O deputado federal Marcos Pollon e o deputado estadual João Henrique Catan, ambos do PL em Mato Grosso do Sul, partido do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, disseram ao Correio do Estado que não tem nenhuma credibilidade o depoimento que o hacker Walter Delgatti prestou nesta quinta-feira (17) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de Janeiro.

No depoimento, o hacker disse que, durante uma reunião no Palácio da Alvorada com Jair Bolsonaro antes das eleições de 2022, o então presidente assegurou que concederia um indulto (perdão presidencial) a ele, caso fosse preso ou condenado por ações sobre urnas eletrônicas.

“A ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a Internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”, declarou Walter Delgatti na CPMI.

Para Marcos Pollon, que é o presidente do PL em Mato Grosso do Sul, “o tal hacker tem a mesma credibilidade de qualquer criminoso, ou seja, nenhuma”. “É conversa de bêbado para o delegado. Mais uma vez o regime que tomou conta do Brasil tenta forjar alguma narrativa para imputar fato criminoso ao presidente Bolsonaro”, reforçou.

O parlamentar sul-mato-grossense completou que essa prática é comum aos integrantes do “Foro de São Paulo” – organização constituída em 1990 a partir de um convite do PT às legendas da América Latina e do Caribe para debater a conjuntura internacional após a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, e a implantação de políticas neoliberais pelos governos da região.

“Inventar crimes para prender opositores. Não pararão enquanto não efetuarem a previsão do presidente Bolsonaro. Este é apenas mais um propagador de uma destas narrativas”, garantiu Marcos Pollon

Já João Henrique Catan disse ao Correio do Estado que não vê a menor credibilidade no depoimento prestado pelo hacker Walter Delgatti. “Esse tipo de informação tende a livrar o hacker, causando prejuízos para a imagem pública do presidente Bolsonaro”, argumentou.

Ele completou que no inquérito em que a Polícia Federal investiga o hacker ficaram comprovadas as conversas detalhadas dele com a ex-deputada federal Manuela D’Avilla (PCdoB-RS) por mais de nove dias a ponto de a ex-parlamentar reconhecer que ele inclusive utilizava o celular dela sem autorização.

“As informações dele estão todas contaminadas e foram usadas em benefício da esquerda para destruir a maior operação de recuperação de recursos públicos desviados do povo, assumindo ele e seu advogado a exaltação ao Lula”, pontuou o deputado estadual.

João Henrique Catan acrescentou que, em uma das conversas, o hacker disse que, se não tivesse tido iniciativa de vazar supostas conversas do senador Sergio Moro (União-PR), o Brasil iria “quebrar”.

“Fantasia”

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou à Jovem Pan que o hacker Walter Delgatti está “fantasiando” no depoimento à CPMI. Ele confirmou que se encontrou com o hacker no Palácio da Alvorada, mas negou trechos do depoimento.

Segundo Bolsonaro, ele recebeu Delgatti apenas uma vez para conversar sobre as urnas e pediu que ele falasse com os militares que integraram a comissão eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Ele está inspirado hoje. Teve a reunião e eu mandei ele para o Ministério da Defesa para conversar com os técnicos. Ele esteve lá [no Alvorada e na Defesa] e morreu o assunto. Ele está voando completamente”, disse Bolsonaro com exclusividade à Jovem Pan.

O ex-presidente também nega que tenha tido uma segunda conversa com Delgatti por telefone sobre um suposto pedido para que o hacker assumisse a autoria de um grampo ao telefone do ministro Alexandre de Moraes. Essa suposta conversa foi citada pelo hacker durante o depoimento.

“Tem fantasia aí. Eu só encontrei com ele uma vez no café da manhã [na Alvorada], não falei com ele no telefone em momento algum. Como ele pode ter certeza de um grampo? Nós desconhecemos isso”, concluiu.

Bolsonaro também citou um trecho do depoimento em que o hacker afirma que “a única forma” de comprovar 100% a lisura das urnas é imprimindo o voto. No entanto, Delgatti relatou confiar na lisura do processo eleitoral brasileiro.

Ao responder questionamentos da relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), Walter Delgatti afirmou que se encontrou com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em um carro e que ela teria ligado para Jair Bolsonaro.

O hacker disse que o ex-presidente teria pedido para ele assumir a responsabilidade de um grampo ao ministro Alexandre de Moraes. Segundo Walter Delgatti, Bolsonaro afirmou que, como ele também foi o responsável pelo caso da “Vaza Jato”, a esquerda “não poderia questionar”.