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Política

Em troca do apoio a Bernal, Azambuja terá controle de duas super-secretarias da Prefeitura

O deputado Reinaldo Azambuja (PSDB) como compensação pelo apoio ao deputado Alcides Bernal (PP) terá o controle das duas mais importantes secretarias da Prefeitura

Marcos Tomé/Região News

21 de Outubro de 2012 - 19:30

Fortalecido pelos mais de 113 mil votos que obteve no 1º turno (25,90% dos votos válidos), o deputado Reinaldo Azambuja (PSDB) como compensação pelo apoio ao deputado Alcides Bernal (PP) no segundo turno da disputa pela Prefeitura de Campo Grande, em caso de vitória de Bernal terá o controle das duas mais importantes secretarias da Prefeitura: a Secretaria de Receita, Planejamento e Controle e a Seintra (Secretaria de Infraestrutura, Transporte e Habitação).

Para a Receita, deve escolher entre Walmar Dalpasquale e Vanderlei Bem-Hur.  O engenheiro  e empreiteiro Sérgio Murilo é cotado para o comando da Seintra. A Secretaria de Receita é responsável pelos pagamentos de obras, fornecedores e prestadores de serviço, além de coordenar o cálculo do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e a cobrança do imposto que o deputado prometeu baratear durante sua campanha no 1º turno.

O tributo garante uma receita anual à prefeitura superior a R$ 330 milhões. Já a Seintra responde pelas obras, manutenção da cidade, iluminação pública, transporte coletivo e trânsito. Caso as urnas confirmem a tendência favorável a Bernal, o futuro prefeito, também vai contemplar o PT que deve controlar duas Secretarias, uma delas a de Assistência Social reservada para a vereadora Thais Helena.

Com Thais no primeiro escalão, sobe o primeiro suplente Marcos Alex, que não se reelegeu, perdendo a eleição para Airton do PT (assessor do deputado Cabo Almi) por oito votos. O ex-deputado petista Semy Ferraz e a professora Gilda dos Santos, esposa do vereador eleito Zeca do PT, também são nomes cotados para ocuparem cargos na Prefeitura.

Também terá participação o vereador Athayde Nery, vice de Azambuja, nome cotado para voltar a Fundação Municipal de Cultura, cargo que exerceu na administração do prefeito Nelsinho Trad até o início do ano.

Jogando a toalha

O favoritismo de Bernal na eleição de domingo já é admitida pela própria cúpula do PMDB, incluindo o governador André Puccinelli. O “progressista” deve ser eleito prefeito de Campo Grande com quase 70% dos votos, a se confirmarem os números das pesquisas. Na mais recente delas, a do IBOPE, contratada pela TV Morena, Bernal aparece com 68% e Giroto com 32%, considerando-se apenas os votos válidos.

A eleição de Bernal encerra um ciclo de 20 anos do PMDB  no controle da Prefeitura da Capital e fortalece as chances do PT voltar ao Governo do Estado em 2014, com a eleição do senador Delcidio do Amaral. O senador é um dos principais avalistas políticos da candidatura de Bernal. O deputado está se elegendo prefeito contrariando a descrença generalizada de que ancorado apenas no seu partido (uma legenda sem expressão eleitoral no Estado) pudesse desafiar e vencer Giroto, apoiado por duas máquinas administrativas (a estadual e a da Prefeitura).

Esta avaliação pessimista do PMDB se sustenta a partir da análise fria dos números da pesquisa I|BOPE: considera-se praticamente impossível em uma semana reverter esta diferença de 36 pontos percentuais. As intenções de voto para Bernal teriam de despencar mais de 5 pontos por dia e boa parte migrar para Giroto.

Esta tendência favorável ao candidato do PP, que no primeiro turno teve mais de 40% dos votos (enquanto Giroto obteve 27,9%) não se reverteu em três semanas de campanha no segundo turno. O quadro permaneceu mesmo com a mudança da estratégia de marketing da campanha de Giroto, com a troca de Chico Santa Rita pelo publicitário mineiro Paulo Vasconcelos do Rosário Neto.

Se no primeiro turno os seis candidatos se somaram no horário eleitoral em criticas ao candidato do PMDB e a administração do prefeito Nelson Trad Filho, neste segundo turno, Giroto partiu para o ataque, na tentativa de descontruir a imagem do adversário, mostrando sua pouca experiência administrativa.

A fragilidade política de Bernal (que se lançou candidato apenas com o apoio do seu partido) foi compensada agora com a adesão dos candidatos derrotados no 1º turno, Reinaldo Azambuja (que garantiu 25,9% dos votos), Vander Loubet (4,87%) e Marcelo Bluma(0,75%). Em troca de participação numa eventual futura gestão, PSDB, PT, PPS e PV se aliaram Bernal.  No segundo turno o PMDB contava pelo menos com a neutralidade dos tucanos, que por quase 16 anos foram seus aliados na Prefeitura e desde 2007  no Governo.