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Política

Gerson defende maior integração de políticas públicas de apoio ao autista

Outro desafio, lembra Gerson Claro é ampliar as vagas nas instituições dedicadas ao atendimento de pessoas com autismo ou outras necessidades especiais.

Assembleia Legislativa

02 de Abril de 2023 - 20:16

Gerson defende maior integração de políticas públicas de apoio ao autista
Presidente da ALEMS,Gerson Claro,abertura da audiência pública. Foto: Carlos Godoy

Com a conquista da legislação que garante direitos e proteção às pessoas com TEA (Transtorno de Espectro Autista), o desafio agora é implementar e integrar as políticas públicas de apoio às mães cuidadoras e aos próprios autistas quando completam a maior idade ou ao terminarem o ensino médio tem dificuldades para se inserirem na sociedade.

A avaliação é do deputado Gerson Claro, presidente da Assembleia Legislativa. O parlamentar tem destinado recursos de emendas parlamentares para as instituições que atendem pessoas com necessidades especiais. Também atua na interlocução das demandas junto ao Governo do Estado de entidades como a Juliano Varela, APAE e Associação dos Pais e Amigos do Autista.

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, comemorado neste domingo, 2 de abril, é uma oportunidade para avaliar e ampliar as políticas públicas voltadas não só para quem tem TEA, mas também quem cuida deles, basicamente as mães “, destaca Gerson.

“É preciso ampliar a transversalidade das estratégias de apoio que tornem possível a complementaridade das ações nas áreas da saúde, educação e assistência social. Mães, que tem filhos com graus severos de autismo, precisam muitas vezes do apoio de profissionais da saúde mental. Várias delas são abandonadas pelos maridos que desistem dos filhos “, comenta.

Para Malu Fernandes, presidente de honra da Associação Juliano Varela , quanto a transversalidade das políticas públicas é fundamental, por exemplo, para garantir às famílias o diagnóstico das crianças com casos leves de autismo que no âmbito escolar muitas vezes acabam despercebidos, sendo vistos como alunos de comportamento incontrolável ,punidos por indisciplina , que precisam passar por um psicólogo.. “É necessário que haja um sincronismo entre educação e saúde , para que se possa fazer o diagnóstico e o laudo desta criança “, comenta .

Outro desafio ,lembra Gerson Claro é ampliar as vagas nas instituições dedicadas ao atendimento de pessoas com autismo ou outras necessidades especiais . Só em duas instituições , a Juliano Varela e a AMAS, em Campo Grande , há uma fila de espera de 1.500 pessoas  

Pesquisa

Segundo uma pesquisa do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos, existe um aumento na prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma em cada 44 crianças aos oito anos de idade é diagnosticada com TEA. O aumento foi de 22% em relação à pesquisa anterior (elaborada em 2020), cuja proporção era de 1 para 54. Caso esses números sejam similares no Brasil, ( não há dados oficiais), seriam cerca de 4,84 milhões de pessoas com autismo no nosso país.

Esse crescimento da prevalência do TEA pode estar associado a  três fatores principais. “Primeiro, pelo aumento do acesso aos serviços de diagnóstico, por maior esclarecimento da população, menos estigma e maior disponibilidade de serviços. Segundo, o diagnóstico dos casos mais leves, que antes não eram identificados. Terceiro, um crescimento real do número de casos até o momento já associado com maiores idades materna e paterna e uso de algumas substâncias durante a gestação, como por exemplo o ácido valpróico”, aponta a médica psiquiatra da infância e adolescência do Hospital Moinhos de Vento, Ana Soledade Graeff-Martins.

O que se comemora em 2 de abril

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, 2 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2007. Essa data foi escolhida com o objetivo de levar informação à população para reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo é uma condição de saúde caracterizada por desafios em habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não-verbal; entretanto, terapias adequadas a cada caso podem auxiliar essas pessoas a melhorar sua relação com o mundo.

Mito e fraude

Um estudo publicado em 1998, posteriormente reconhecido como uma fraude (levou inclusive à cassação da licença médica de seu principal autor), apresentou uma possível relação da vacina MMR (sarampo, rubéola e caxumba) com casos de autismo. “Teve efeito devastador nas taxas de vacinação, inicialmente na Inglaterra, e, até hoje, causa um temor infundado. As vacinas não causam TEA, e já existem inúmeros estudos que reafirmam isso.”, alerta a médica.

Já as terapias não comprovadas podem limitar o tempo para que  crianças com TEA recebam um tratamento eficaz para. As intervenções adequadas devem ser iniciadas preferencialmente antes dos cinco anos de idade. “Após este momento, a neuroplasticidade (capacidade do cérebro se modificar) diminui bastante e as terapias tornam-se menos eficazes. As terapias não validadas cientificamente podem trazer pouco ou nenhum resultado e fazem com que um tempo muito valioso seja perdido”, enfatiza.

Diagnóstico e tratamentos adequados

No autismo, o diagnóstico é realizado a partir da avaliação clínica. É baseado em relatos dos pais ou cuidadores e na observação da criança com o transtorno. Segundo a psiquiatra, alguns instrumentos (entrevistas) podem auxiliar nessa apuração, mas nenhum exame é necessário para definir o diagnóstico

Em relação aos tratamentos adequados para o autismo, os mais indicados são aqueles baseados em análise do comportamento aplicada (ABA). “Preferencialmente, com protocolo estruturado e avaliações frequentes com relação à evolução da criança”, indica. “Quanto mais os pais e cuidadores estiverem familiarizados com o funcionamento das terapias para que  possam reproduzi-lo no dia-a-dia da criança, maior será o benefício para o paciente e sua família”, reforça.