Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Terça, 26 de Novembro de 2024

Política

Marcelo Miranda diz que demissão não foi por omissão

Conforme a portaria da sua demissão, Marcelo teria desrespeitado dois artigos da lei sobre deveres dos servidores públicos federais

Flavio Paes/Região News

03 de Janeiro de 2012 - 08:43

Marcelo Miranda diz que demissão não foi por omissão
Marcelo Miranda garante que sua demiss - Foto: Marcos Tom

Informado  desde o início da semana de que seria demitido da superintendência do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em Mato Grosso do Sul, o ex-governador Marcelo Miranda Soares  garante que sua saída não foi motivada por irregularidade e se disse e surpreso com o resultado do processo disciplinar, pivô  da queda do cargo que ocupava desde 2003.

“Esse processo começou em 2006 e foi discutido por três comissões, mas nunca encontraram nenhum tipo de irregularidade. Agora, houve indicação para a substituição dos cargos”, afirma. Além dele, foram demitidos Guilherme Alcântara de Carvalho, o segundo na hierarquia regional do Dnit, e Carlos Roberto Milhorim, chefe do órgão federal em Dourados. Miranda garante  que não houve irregularidades.

Quanto à demissão, ele afirma já estar ciente nas últimas semanas. “Falaram que ia sair na quarta-feira, mas publicaram hoje”. Marcelo, que é filiado ao Partido da República, chegou ao cargo com o apoio do ex-governador Zeca do PT e do seu sobrinho, o deputado Vander Loubet.

Na época, candidato a deputado federal pelo PL, ficou na primeira suplência, ajudando os petistas a elegerem três candidatos (Vander, João Grandão e Antonio Carlos Biffi).  Habilidoso conseguiu manter-se no cargo com a ascensão do governador André Puccinelli em 2007 e do próprio Vander, embora enfrentasse oposição de outro cacique petista, o senador Delcidio do Amaral.

Conforme a portaria da sua demissão ,  Marcelo teria desrespeitado dois artigos da lei sobre deveres dos servidores públicos federais: observar as normas legais e regulamentares; e levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo.

Ele nega de forma categoria que tenha se omitido: “transmiti todas as informações ao diretor-geral, que na época era o Mauro Barbosa”, afirma Miranda. Segundo ele, surgiram denúncias porque o filho de Milhorim trabalhava na empresa que fazia fiscalização da obra. “Mas isso não quer dizer que estava fazendo alguma coisa de errada. O filho dele passou no concurso em terceiro lugar e hoje trabalha no Dnit”, relata.

Em 2006, Milhorim foi acusado de chefiar um esquema de desvio de verbas públicas. A PF (Polícia Federal) apreendeu documentos na sede do órgão federal em Dourados. Uma empresa contratada para operações tapa-buraco funcionava dentro do Dnit. Marcelo Miranda conta que já esvaziou as gavetas e que ainda não se decidiu sobre os próximos passos.

“Deus é quem sabe”. Conforme a assessoria de imprensa do ministério, deve ser nomeado em breve e de forma interina um novo superintendente no Estado. Denúncias – Neste ano, o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou problemas em obras de recuperação em 50 quilômetros da BR-163: fiscalização ou supervisão deficiente ou omissa nas obras; execução de serviços com qualidade deficiente e projeto executivo deficiente ou desatualizado.

O mesmo tipo de problema foi apontado nos serviços efetuados na BR-267, num trecho inicial de 62 quilômetros da rodovia. À época, Marcelo Miranda considerou as denúncias velhas.
Em dezembro, o MPF (Ministério Público Federal) identificou sobrepreço de R$ 216 mil em obras realizadas em três trechos da BR-262, que liga Corumbá, na fronteira com a Bolívia, ao resto do País.

As denúncias ganharam fôlego em julho, após a queda do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Na ocasião, a classe política defendeu a permanência de Miranda a frente do Dnit. Expulso do governo – Em 1991, Marcelo Miranda foi praticamente posto para fora do governo de Mato Grosso do Sul. “Já era o fim do mandato e o governo entrou em colapso financeiro. Não tinha como pagar os servidores. A dívida era assustadora”, recorda o historiador Hildebrando Campestrini.

Sem receber, os servidores passaram as últimas semanas do mandato de Miranda acampados na Governadoria. Os salários foram pagos quando Pedro Pedrossian assumiu e o governo  fez um empréstimo. Por ter sido governador, ele recebe pensão vitalícia. Miranda também foi prefeito de Campo Grande e senador. Com informações do Campo Grande News.