Política
MST diz que não está envolvido em invasão de fazenda da família de Tereza Cristina
Em nota, o Movimento repudiou a tentativa de vincular a luta do MST à ação ocorrida na propriedade ligada à senadora.
Correio do Estado
30 de Abril de 2023 - 18:30
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) informou por meio de nota na tarde deste domingo (30), que não está envolvido na ocupação do grupo de oito pessoas denominado como "Acampamento Fênix" na Fazenda Santa Eliza, no município de Terenos.
A fazenda é de propriedade da Família Corrêa da Costa, e pertence ao espólio de Maria Manoelita Corrêa da Costa, mãe da senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP).
Em nota, o MST em Mato Grosso do Sul comunicou que não está ligado à ocupação e não organizou nenhuma ação na propriedade da senadora. O Movimento também repudiou a tentativa de vincular o episódio ao MST.
Por fim, a direção estadual do Movimento afirmou que a luta do MST é legitima e seguirá em defesa da Reforma Agrária Popular, da produção de alimentos saudáveis, da luta contra o latifúndio e da reconstrução do país
Confira a nota na íntrega:
O MST em Mato Grosso do Sul vem, por meio desta nota, afirmar que não realizou ocupação em áreas ligadas à senadora Tereza Cristina (PP), em Terenos, MS. Ainda que seja figura proeminente do agronegócio e tenha em seu histórico a condução do Ministério da Agricultura durante o governo Bolsonaro, o MST não organizou nem apoiou nenhuma ação em latifúndios da senadora.
Na Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária deste ano, conhecida como Abril Vermelho, realizamos uma série de atividades com nossas famílias acampadas, sendo que, nenhuma delas foi ocupação de terra. No último período, aprofundamos nossas ações de solidariedade, principalmente, com indígenas.
A partir dos nossos cinco acampamentos e diversos assentamentos no estado, doamos centenas de quilos de alimentos saudáveis, além de sementes agroecológicas para diversas comunidades indígenas. Compreendemos que a luta de indígenas e Sem Terra é a mesma no Mato Grosso do Sul, pois a concentração de terras pelas elites agrárias atinge a ambos.
Repudiamos a tentativa de vincular a luta do MST à ação ocorrida na propriedade ligada à senadora. Em um momento de avanço da criminalização contra o MST, através, por exemplo, da instalação de uma CPI ilegal contra nós, tais vinculações só servem para incitar a sociedade contra a luta legítima do Movimento. É esta luta que nos permitiu, durante a pandemia, doar mais de 8,5 mil toneladas de alimentos saudáveis à população mais carente.
Seguiremos em nossa luta histórica em defesa da Reforma Agrária Popular, da produção de alimentos saudáveis, da luta contra o latifúndio e da reconstrução do país, por meio da defesa do governo Lula.
Entenda o caso
A Fazenda Santa Eliza foi invadida por sem-terra na manhã deste domingo, conforme informam advogados e familiares da senadora Tereza Cristina. A propriedade, de aproximadamente 1,3 mil hectares, no município de Terenos, a 16 quilômetros de Campo Grande, estava ocupada pelos sem-terra desde a madrugada de hoje (30).
Conforme o advogado de Fernando Corrêa, Brenner Lucas Dietrich Espíndola, o grupo que invadiu a fazenda chegou de madrugada. “Eles adentraram à área de reserva legal da propriedade e lá fincaram uma bandeira do MST”, conta o advogado. “Estamos desde a manhã desta segunda envolvidos nisso”, admitiu.
Segundo Brenner Espíndola, a fazenda de 1,3 mil hectares é “extremamente produtiva”. Nela há uma área de confinamento arrendada para o Grupo JBS e também outras áreas arrendadas para produtores rurais de Mato Grosso do Sul, como por exemplo para a família Schlatter, de Chapadão do Sul, entre outros produtores.
O Correio do Estado apurou que o governador Eduardo Riedel (PSDB) já foi informado da ocupação. Equipes da Polícia Militar e da Polícia Militar Ambiental estiveram no local. Duas mulheres identificadas como líder do grupo prestaram esclarecimentos.
A Polícia Militar informou que o grupo foi orientado a fazer o desmonte do acampamento e, para evitar maiores transtornos, deixar o espaço. Ninguém foi preso.