Política
Relator aumenta pena para crimes contra a administração pública
Agência Câmara de Notícias
27 de Junho de 2012 - 15:00
Os crimes contra a administração pública tiveram suas sanções aumentadas no parecer apresentado nesta terça-feira pelo deputado Alessandro Molon (PT-RJ) à Subcomissão Especial de Crimes e Penas.
O colegiado, vinculado à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), busca corrigir distorções existentes na legislação penal.
Molon propôs o aumento em um ano da pena mínima (de 2 para 3 anos de reclusão) nos casos de peculato (quando um servidor se apropria de um bem público) e corrupção e sugeriu que essas condutas sejam punidas com ainda mais rigor quando envolverem desvio de dinheiro relacionado a saúde, educação, assistência social, segurança pública ou atendimento de emergências.
Nessas hipóteses, a pena sobe para reclusão de 4 a 15 anos. "Embora qualquer dinheiro público seja intocável, o montante destinado a essas áreas é ainda mais sagrado.
Acho que isso atende um clamor da sociedade, que não quer ver o dinheiro da saúde, que falta nos hospitais e faz as pessoas morrerem, ser desviado. Isso tem de ser combatido de forma severa", afirmou o relator.
Penas alternativas
Já para os crimes sem violência ou ameaça, Molon sugeriu a redução das sanções.
É o caso do crime de furto, hoje punido com reclusão de um a quatro anos e multa. Pela proposta, a conduta passaria a estar sujeita à pena de reclusão de seis meses a dois anos ou multa.
O relatório também prevê a inclusão no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) do princípio da insignificância, a fim de evitar prisões desnecessárias. "Em Belém, por exemplo, cidadãos que furtaram R$ 90 ficaram presos provisoriamente por um ano e oito meses.
Depois desse período, ainda foram condenados a cumprir pena alternativa. Queremos corrigir injustiças como essa em crimes patrimoniais sem violência", explicou Molon.
A presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Justiça, Maria Tereza Gomes, que participou da reunião da subcomissão, concordou com as alterações propostas pelo relator e defendeu a ampliação de penas alternativas ao encarceramento.
Ela informou que o País possui a quarta maior população carcerária do mundo e o custo mensal por preso no Brasil é de R$ 2 mil.
Quase metade dos detentos são provisórios, ainda não foram julgados. Com mudanças na legislação penal para adequar as penas, podemos melhorar esse quadro, disse.