Região
Defesa alega falta de provas e tenta tirar da cadeia mulher que torturou e matou médico
Médico cobrava dívida de R$ 500 mil da acusada.
Correio do Estado
08 de Março de 2024 - 14:35
A defesa de Bruna Nathália de Paiva, de 29 anos, acusada de planejar e ajudar na execução do médico Gabriel Paschoal Rossi, 29 anos, de Dourados, pediu a revogação da prisão preventiva da mulher, alegando falta de provas.
Ela está custodiada no Estabelecimento Penal Feminino de Rio Brilhante desde o dia 7 de agosto do ano passado.
A mulher é uma estelionatária de Minas Gerais e já conhecia o médico antes do crime. Conforme reportagem do Correio do Estado, a polícia divulgou, na época, que Bruna contratou três homens para executar o médico, devido a ele a estar pressionando para que quitasse uma dívida de R$ 500 que tinha com ele.
Gabriel Paschoal Rossi foi torturado, asfixiado, e agonizou por 48 antes de morrer, com os pés e mãos amarrados sobre a cama onde foi localizado, além de meias na boca.
O crime foi descoberto no dia 3 e agosto de 2023, mas a suspeita é que ele tenha sido assassinado no dia 26 de setembro, devido ao avançado estado de decomposição que o corpo estava quando foi encontrado.
Bruna e outras três pessoas foram presas em Pará de Minas (MG). A polícia confirmou que eles estavam em Dourados no dia do crime e fugiram para o estado vizinho após a repercussão do caso. O celular da vítima estava sendo utilizado pelos criminosos.
Sete meses após a prisão, a defesa de Bruna pede a revogação da prisão, sustentando que ela é empresária, tem filho menor de 12 anos, é ré primária, tem bons antecedentes e falta de provas, além de afirmar que não há evidências de que a acusada aguardar o processo em liberdade traria prejuízos à sociedade, devido ao histórico da mulher.
A defesa sustenta ainda que os fundamentos que basearam a decretação da prisão preventiva não “são hábeis a embasar a segregação cautelar” e os indícios para a prisão se basearam no que chama de “depoimentos controversos dos réus e passíveis de entendimento diverso" e sem provas concretas.
Desta forma, é pedida a revogação da prisão preventiva ou a substituição por medidas cautelares diversas da prisão, como monitoramento eletrônico.
Ainda não há decisão sobre as requisições.
O crime
Conforme informado pelo delegado Erasmo Cubas na época do crime, a polícia acredita que o médico foi torturado para que revelasse a senha do celular. Na tortura, foram utilizados aparelho de aplicar choques, asfixia com sacola plástica, meia em sua boca e os acusados também introduziram um objeto cortante na garganta da vítima;
A trama do assassinato foi toda montada por Bruna Nathália de Paiva, que conhecia o médico bem antes do dia do crime. Ela, segundo a polícia, contratou três homens para executar o médico, que estaria pressionando para que ela quitasse uma dívida que ela tinha com ele.
Ela veio de ônibus de Pará de Minas para Dourados, pagou R$ 50 mil em espécie para cada um para que cometessem o crime. Já horas depois do crime, os quatro foram de Dourados a Campo Grande, compraram passagens aéreas e retornaram a Pará de Minas, que fica a cerca de 80 quilômetros de Belo Horizonte.
Eles levaram o celular de Gabriel e começaram a extorquir familiares e amigos. Além de limparem uma das contas bancárias do médico, conseguiram que um conhecido fizesse um pix de R$ 22.500,00.
Foi justamente o celular que levou a polícia aos assassinos, pois antes mesmo que o corpo fosse localizado os investigadores já sabiam que o aparelho estava sendo usado em Minas Gerais desde o dia 30, o que levou à suspeita de que ele tivesse sido sequestrado.
Conforme a investigação, Bruna faz parte de uma quadrilha de estelionatários e aliciou Gabriel, enquanto ele ainda cursava Medicina, para aplicar golpes com cartões de crédito e para saque de benefícios de pessoas que já haviam morrido.
E por conta desta parceria criminosa, ela teriam acumulado uma dívida da ordem de R$ 500 mil e o médico estaria ameaçando dedurar toda a quadrilha de estelionatários caso ela não pagasse essa conta.
Além de Bruna, foram presos Gustavo Teixeira, 27 anos, Keven Rangel Barbosa, 22 anos, e Guilherme Augusto Santana, 34 anos, todos de Minas Gerais. A polícia ainda não detalhou a participação de cada um na trama.
O delegado destacou que Gabriel não cometeu nenhum crime relacionado à profissão de médico, mas enquanto era estudante participava dos estelionatos em série. No interrogatório na Polícia Civil, Bruna optou por permanecer em silêncio.