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Região

Jamilzinho atraiu filho de “Fuad”, diz testemunha

Relato foi ouvido em depoimento de abril à força-tarefa que investiga organizações criminosas.

Campo Grande News

22 de Dezembro de 2020 - 07:40

Jamilzinho atraiu filho de “Fuad”, diz testemunha
Na foto, de 2017, Jamil Name, Jamil Name Filho e Fahd Jamil Georges; Name Filho teria atraído seis anos antes filho de Fahd para a morte, diz testemunha (Foto: Reprodução)

Um convite irrecusável aos que estão acostumados com o poder aparentemente ilimitado que o crime organizado oferece: festa regada a mulheres e sexo fácil. Mas ali, apesar da suposta inocência do chamado de um amigo, havia mais: era o chamado para a morte e a mudança nos rumos das organizações criminosas do Estado. Os personagens envolvidos são Jamil Name Filho, 43 anos, preso desde setembro de 2019, e Daniel Alvarez Gerorges, desaparecido aos 42 anos, dado como morto no ano passado pela Justiça.

O dia era 3 de maio de 2011 e aí pode ter sido selada a morte de "Danielito", filho de um dos homens mais poderosos da fronteira entre o Brasil e o Paraguai - Fahd Jamil Georges, procurado inclusive pela Interpol. A revelação está em depoimento prestado por testemunha considerada importante pela força-tarefa dedicada à Operação Omertà, ação deflagrada em 2019 pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Garras (Delegacia Especializa de Repressão a Roubo a Banco e Resgate), e que resultou na prisão de Jamil Name, Jamil Name Filho e tem mais de 50 envolvidos.

Obtida em abril em depoimento referente a fase que apura crimes de agiotagem e extorsão cometidos pelo grupo liderado por Jamil Name, a informação vem acompanhada de detalhes de ex-funcionária da casa dos Name e revelou ter conhecido, e se afeiçoado, a José Moreira Freires, o "Zezinho", um dos pistoleiros da milícia armada, conforme as apurações.

"Zezinho" morreu na semana passada, aos 46 anos, em confronto com a polícia potiguar. A suspeita é de preparava ataque para matar um integrante do Poder Judiciário, serviço pelo qual, apontam as primeiras suspeitas, renderiam R$ 200 mil. Apontados como seus ex-chefes, Name pai e filho estão presos em Mossoró, a 270 quilômetros de onde Zezinho morreu.

No depoimento ao Garras, a testemunha diz que era amiga de "Zezinho" e que ele, em encontro ocorrido na Avenida Três Barras, em Campo Grande, contou estar envolvido na morte de "Danielito". A informação está em reportagem da revista Piauí e foi confirmada pelo Campo Grande News, que teve acesso a trecho do depoimento. O relato é de que o filho mais velho de "Fahad" estaria interessado em comandar o jogo do bicho em Campo Grande, sob a gerência dos Name há décadas.

Daí, o plano: atrair Daniel para uma emboscada. A suposta festa aconteceria em área afastada. Quem fez o convite foi Name Filho. Ao chegar ao local, porém, o encontrado não foi nada do prometido, e sim um forte aparato de armas.

A partir desse dia, "Danielito" nunca mais foi visto. Os últimos registros vivos mostram que almoçou em churrascaria na Chácara Cachoeira e também esteve no Shopping Campo Grande. Nenhum resto mortal foi jamais achado.

No ano passado, a família de Daniel Georges obteve na Justiça decisão para que ele fosse dado oficialmente como morto. Entre as suspeitas, está a de que o cadáver foi colocado em recipiente com ácido e destruído, assim como se vê em filmes.

Conforme investigação jornalística, outra possibilidade plausível é de o corpo ter sido esquartejado e enterrado.

Efeito dominó - De lá para cá, uma sequência de execuções passaram a acontecer em Campo Grande e na fronteira, muitas atribuídas pela própria Omertà à vingança pela morte da "Danielito" e também de Jorge Rafaat, que geria a fronteira sob a benção de Fahd Jamil.

Até aqui, não há na investigação a informação se o relato da testemunha citado neste texto já era de conhecimento de Fahad, que junto de seu filho, Flavio Correia Jamil Georges, é procurado na Omertà, por liderar milícia armada na região de Ponta Porã, atuando em contribuição ao grupo chefiado na Capital pelos Name.

A força-tarefa da Polícia Civil criada para investigar o caso não detalha que reflexo terá essa revelação. Pela lei penal brasileira, a morte de "Danielito" ainda pode ser investigada. Assassinatos tem prazo de 20 anos para prescrever.