Região
Sepultada na Córrego do Meio, artesã indígena vítima de feminicídio
Eronilda foi baleada no último dia 22, terça-feira, ficou internada na Santa Casa, onde morreu na sexta-feira.
Flávio Paes/Região News
27 de Janeiro de 2019 - 20:30
A artesã indígena, Eronilda Gabriel Mendonça, 34 anos, morta com quatro tiros em Campo Grande, foi sepultada sábado na Aldeia Córrego do Meio, em Sidrolândia, onde reside seus familiares. Ela foi baleada no último dia 22, terça-feira, ficou internada na Santa Casa, onde morreu na sexta-feira. O crime está sendo investigado como feminicídio.
Nicolas de Jesus Batista, 22 anos, o suspeito do crime, ao ser preso disse à polícia que estava bebendo em um bar no Bairro Guanandi e a vítima, que mora próximo do local, teria o chamado para sair. A irmã da vítima, que estava com ela, disse que foi o rapaz quem chamou Eronilda para sair.
Os dois então entraram no veículo dele, um Corsa de cor prata, e seguiram para beber em outro bar já no Bairro Tijuca, mas no meio do caminho começaram a discutir. O suspeito teria afirmado que a vítima pediu para ambos terem relações sexuais, mas ele teria negado, afirmando que queria apenas beber.
Nicolas foi preso em flagrante com a arma de fogo utilizada no crime (Foto: divulgação/Polícia Militar)
A mulher então teria rebatido o chamando de ‘viado e frouxo’, momento este que ele sacou a arma, de calibre.38, a mandou descer do carro e com a vítima ainda de costas, fez os disparos e saiu. Eronilda foi ferida na bochecha esquerda, virilha, ombro esquerdo e panturrilha direita.
Segundo a subsecretária estadual de políticas públicas para indígenas, Silvana Terena, amiga da família, Eronilda deixou a aldeia para morar em Campo Grande há um mês. “Ela era uma mulher alegre, sorridente, estava feliz por viver na cidade grande. Nós que a conhecemos, achamos que essa versão do suspeito não condiz com o comportamento dela. Acredito que foi uma forma dele justificar o que não tem justificativa”, afirma.
Silvana, que acompanhou a família da vítima, diz que a comunidade está abalada com o crime: "Ela era muito querida, atuante, sempre ajudou a todos. Veio para a capital tentar outra vida, ela tinha emprego fixo e fazia bijuterias de penas e sementes junto com a família, artesanato era a paixão dela. Isso tudo é muito triste".
Silvana conta que Eronilda não tinha um relacionamento com o homem, e que comentou com a família que estariam "se conhecendo". A família acredita que o suspeito poderia ter tentado fazer sexo à força com a vítima: "Ele atirou para matar, ninguém atira 4 vezes sem essa intenção. Acredito que seja o contrário do que ele alega. Se realmente não a quisesse, por que iria matá-la?".