Saúde
Brasil teve excesso de 19% nos óbitos em 2020, aponta Fiocruz
O grupo de doenças infecciosas e parasitárias foi o que mais se destacou entre as causas definidas.
G1
20 de Outubro de 2022 - 16:16
Um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Estácio apontou que o Brasil teve um excesso de 19% nos óbitos em 2020, o primeiro ano da pandemia de Covid-19.
O grupo de doenças infecciosas e parasitárias foi o que mais se destacou entre as causas definidas. Também ocorreu um excesso de mortalidade por causas mal definidas. O número de óbitos esperado para o ano foi estimado considerando análise de tendência linear com o número de mortes entre os anos de 2015 e 2019.
O excesso de óbito para esse período no Brasil foi de, aproximadamente, 190 mil e incluiu mortes associadas direta (devido à doença) ou indiretamente (devido ao impacto da pandemia nos sistemas de saúde e na sociedade) à Covid-19. O impacto total da pandemia foi, dessa forma, possivelmente maior do que o indicado pelas mortes relatadas apenas devido ao vírus Sars-CoV-2.
“Algumas causas de morte têm relação com a desassistência provocada pela reorganização da rede assistencial, outras com a mudança nos padrões de interação social na população. Esse diagnóstico é importante porque indica a necessidade de os sistemas locais de saúde serem mais resilientes, para que possam sustentar serviços essenciais de saúde durante crises, incluindo sistemas de informação de saúde mais consistentes”, destacou o pesquisador da Fiocruz Raphael Guimarães.
Resultados
Os pesquisadores calcularam a taxa de mortalidade para os seguintes grupos:
- Doenças infecciosas e parasitárias
- Neoplasias
- Causas endócrinas
- Transtornos mentais
- Doenças cardiovasculares
- Doenças do aparelho respiratório
- Doenças do trato geniturinário
- Mortes na gravidez, parto e puerpério
- Causas mal definidas
- Mortalidade em geral
Além do grupo de doenças infecciosas e parasitárias e das causas mal definidas, outros excederam o número de óbitos esperado em mais de 10%: doenças endócrinas (16%), transtornos mentais (29%), doenças cardiovasculares (16%) e gravidez, parto e puerpério (27%). Do outro lado, alguns grupos apresentaram número de óbitos abaixo do esperado: doenças do aparelho respiratório (10% abaixo) e causas externas (4% abaixo).
Os pesquisadores identificaram que os estados com maiores razão de mortalidade padronizada (SMR) estão concentrados no Norte. Os que possuem menores SMR estão no Sul e Sudeste.
Mundo: três vezes mais mortes na pandemia
Uma estimativa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de 15 milhões de pessoas morreram por causa da pandemia de Covid-19 em todo o mundo até o fim de 2021.
“Esses dados preocupantes não apenas apontam para o impacto da pandemia, mas também para a necessidade de todos os países investirem em sistemas de saúde mais resilientes”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Outro estudo publicado na revista 'The Lancet' estimou que a pandemia provocou a morte de 18,2 milhões de pessoas em 2020 e 2021.