Saúde
Com CPN, Sidrolândia reduz a menos de 20% cesarianas e atende OMS
Após entrada em funcionamento do Centro de Parto Normal só 17,6% dos partos realizados na cidade são cesarianas.
Redação/Região News
24 de Setembro de 2018 - 08:59
Em meio a tantos problemas na saúde pública comum a todo o País: Sidrolândia assegurou um indicador que coloca a cidade em destaque, superando até mesmo a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS). Com o Centro de Parto Normal, em funcionamento desde 2016 no Hospital Elmiria Silvério Barbosa, só 17,6% dos partos realizados na cidade são cesarianas, ante uma média estadual de 62% e uma queda brusca considerando o seu próprio desempenho.
Em 2013, por exemplo, 54% das gestantes faziam cesáreas, quando a recomendação da OMS é de no máximo 20%.
Os dados foram apresentados pelo enfermeiro obstetra, Ramão Antônio Vargas, coordenador técnico do Centro de Parto Normal, durante 9ª Jornada Acadêmica de Enfermagem e dos Direitos Humanos na Pratica Profissional, em Campo Grande, promovida pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
A entrada em funcionamento do Centro de Parto Normal reduziu em mais de 80% o número de cesarianas na cidade. Se há quatro anos, foram registrados 250 partos normais, número que representou 45% dos procedimentos e 259 cesarianas (51%), em 2017, a quantidade de cesarianas caiu para 17,7% (64 intervenções) e os partos normais representaram 82,2% (297). É um avanço, por exemplo, em relação aos números estaduais, que registram 62% de cesarianas, o mesmo de Campo Grande.
Em São Gabriel do Oeste, por exemplo, este número é ainda maior. A cidade tem registrado índices de 76,3% de cesarianas; Maracaju, 50,4%. Mesmo com todo este avanço, o CPN ainda não atingiu a meta fixada no processo de habilitação junto ao Ministério da Saúde, que é realizar 40 partos mensais. Em agosto, fechou com 27 e o número parcial de setembro, faltando menos de uma semana para terminar o mês, foram 24 partos. Até o mês de agosto foram feitos 292 partos, 259 normais (88,7%) e 33 cesarianas (11,3%). Destes partos, 98% tiveram presença de acompanhantes.
O desafio para melhorar o resultado é vencer a resistência cultural e desinformação da própria mulher e reação corporativa dos profissionais de saúde (em especial os médicos) ao método natural. Se por um lado, o número de partos normais aumentou bastante, em contrapartida, cresceu também o número de gestantes que estão preferindo ir para Campo Grande.
Dados do próprio CPN revelam que em 2017, por exemplo, 732 mulheres residentes em Sidrolândia tiveram filhos, deste montante, 361 nascimentos foram feitos na própria cidade e 371 foram para hospitais da Capital fazer o parto; 69 normais e 302 com cesariana (81,40%). Se em 2014, o hospital registrou 509 nascimentos, ano passado este número caiu quase 30% (29,07%), foram 361 partos. O CPN tem atraído gestantes também de outras localidades, como Dois Irmãos do Buriti e Nioaque.
A equipe do centro tem feito palestras nas unidades básicas de saúde, promovido rodas de conversa com gestantes para mostrar a elas de que o parto humanizado é seguro (a chance da mulher morrer numa cesariana é 16 vezes maior e da criança, 10 vezes), mas precisa quebrar a resistência da própria mulher que acredita que com a cesariana terá menos dor.
Outro obstáculo é que não se conseguiu sensibilizar as equipes das unidades básicas de saúde onde o pré-natal é feito a encaminhar às gestantes para o Centro de Parto Normal. “Firmamos compromisso de que na 2ª e na 40ª semana de gestação a mulher faria o pré-natal no CPN, mas isto quase nunca acontece”, admite Ramão.
Número de partos em Sidrolândia | ||
2013 - 484 partos | ||
218 | Normais | 45% |
266 | Cesarianas | 55% |
2014 - 509 partos | ||
250 | Normais | 49% |
259 | Cesarianas | 51% |
2015 - 412 partos | ||
232 | Normais | 56,3% |
180 | Cesarianas | 43,6% |
2016 - 424 partos | ||
280 | Normais | 66% |
140 | Cesarianas | 34% |
2017 - 361 partos | ||
297 | Normais |
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64 | Cesarianas |
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2018 (até 31 de agosto) - 292 partos | ||
259 | Normais | 88,7% |
33 | Cesarianas | 11,3% |