Saúde
Cordão do Girassol, para identificação de deficiências ocultas, vira lei em MS
Estado aprovou projeto para reconhecimento e diferenciação que prevê humanizar o atendimento público ou privado à pessoas com autismo, TDAH, entre outros.
Correio do Estado
08 de Novembro de 2022 - 14:52
Mato Grosso do Sul deu um passo a mais em direção ao atendimento humanizado de pessoas com as chamadas deficiências não visíveis - que vão desde o autismo; à epilepsia e TDAH -, com a instituição do Colar de Girassol.
Conforme texto da Lei 5.969, de 07 de novembro deste ano - publicada hoje (08) no Diário Oficial de Mato Grosso do Sul -, esse cordão servirá como instrumento para ajudar na identificação dessas pessoas.
Projeto de Lei do Deputado Estadual Zé Teixeira, o pedido para essa iniciativa partiu da diretora de patrimônio da Associação De Pais E Amigos Do Autista (AMA), Flavia Caloni Gomes.
Ela conta que o cordão do girassol começou a ser instituído em aeroportos da Inglaterra, que sentiam a necessidade de identificar pessoas com deficiências não visíveis, que incluem doença de crohn e até fobias. Essa medida funciona para auxiliar na identificação, caso um autista não verbal se perca em um shopping ou grandes centros, por exemplo, explica Caloni.
"Além da empatia das pessoas saberem que aquela pessoa tem algum tipo de deficiência, que em algum momento ela pode precisar de algum suporte. Para ter ideia, em alguns lugares a coisa já está tão avançada que nesse crachá eles fazem QR Code, com todas as informações da pessoa", comenta ela.
Mas é lei por quê?
Flávia ressalta o motivo que leva isso se tornar uma lei, que passa pela empatia, até à melhoria do sistema de atendimento de diversos lugares.
"É para que possa se tornar obrigatório que, tanto os órgãos públicos como os privados também -, tenha conhecimento de que a pessoa utilizando esse cordão, ela precisa desse suporte. É a disseminação de que existem pessoas que precisam de um atendimento diferenciado", afirma.
Com isso, funcionários das mais variadas empresas, e inclusive a sociedade, precisarão ser treinadas para reconhecer esse símbolo.
"A partir de agora que saiu a lei vamos fazer contato - e imagino que eles nos procurem -, com a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas); Assembleia Legislativa e órgãos públicos que precisarem de alguma informação com relação ao autismo, a AMA vai estar à disposição", diz.
Partindo dessa aprovação, ela frisa que, certas atitudes poderão ser cobradas, sendo que campanhas de conscientização poderão ser promovidas pela iniciativa.
"Na época do autismo falar do cordão, na semana do TDAH falar disso também, e assim por diante. o principal objetivo também é a empatia das pessoas, para que saibam, que aquela pessoa que está utilizando uma fila de supermercado só por estar, está ali porquê precisa de um suporte, ela está usando a preferencial - como no caso do autista, que você não consegue reparar fisicamente", completa Flavia Caloni.
Suporte em sociedade
Alexandre Figueiredo, policial que atua no Projeto Guardião Azul Amigo do Autista, expõe os três pilares da presença de famílias autistas em sociedade: ame, vista e fale. "Nesse sentido vestir-se dos símbolos sobre as deficiências não visíveis deve ser incentivado a todo instante. Cordões, camisetas, adesivos, CIPTEA e colocar na CNH e RG o indentifcador da pessoa com deficiência, facilita a sociedade, e em especial as forças públicas, de definirem o melhor protocolo de atendimento a essa população", disse.
Segundo ele, usar esses símbolos, além de dar visibilidade para a causa, e desperta a necessidade de integração das ações de segurança e saúde. Nesse sentido, ele chama atenção para a segurança pública, que classifica como "cada vez mais inclusiva", passando por conscientização e uso de processos cada vez mais especializados, justos e humanizados, conforme o policial.
"Principalmente quando for realizada abordagens e demais atendimentos aos autistas e demais deficiências não visíveis, percebendo detalhes comportamentais que possam direcionar a forma de atuação", finaliza.