Saúde
Mesmo com fila de espera, é baixo o número de transplantes
Mato Grosso do Sul tem mais de 250 pacientes cadastrados, aguardando por substituição de órgãos.
Correio do Estado
11 de Março de 2019 - 10:38
Com 254 pessoas cadastradas na fila por um transplante em Mato Grosso do Sul, apenas 39 cirurgias foram realizadas nos dois primeiros meses deste ano. A quantidade de doadores também foi baixa, apenas 11. Os transplantes realizados foram de córnea (34) e rim (5), os mesmos órgãos cuja a fila só aumenta no Estado, atualmente são 175 pessoas aguardam por córnea e 79 por rim.
No ano passado foram realizados 198 transplantes, sendo de córnea (175), rim (17) e ossos (6), redução de quase 20% em relação a 2017 quando foram 241 transplantes de córnea (222), rim (17) e ossos (3) e 48 doadores. Mas em 2018 os procedimentos poderiam chegar a 361, já que 163 órgãos e tecidos - como coração (10), córnea (40), fígado (31), pâncreas (5), pulmão (2) e rim (75) - foram encaminhados para outros estados.
Até mesmo a quantidade de órgãos captados diminuiu. Dados da Central de Transplantes de Mato Grosso do Sul (CET/MS) mostram que em 2016 foram 224 doações para pacientes de outros estados, já em 2017 foram apenas 167 caindo para 163 em 2018.
No Estado podem ser realizadas apenas cirurgias para transplante de córnea, rim e ossos, para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), de convênios e também particular. Por isso quando há doação de outros órgãos como coração, fígado, pâncreas e pulmão, o encaminhamento é necessário para outros estados onde os procedimentos podem ser feitos.
A CET informou que somente a Santa Casa é credenciada para realizar transplantes de rim no Estado, já os de córnea são feitos também no Hospital São Julião e clínicas particulares - na Capital e em Três Lagoas.
Já os transplantes de ossos são no Hospital da Unimed. A coordenadora da CET, Claire Miozzo disse que há incentivo para que novos estabelecimentos e equipes realizem transplantes. “Porém, o que precisamos é aumentar o número de doadores de órgãos e tecidos”. Ela explicou que para isso a CET realiza palestras, eventos, divulgação e distribuição de material informativo para esclarecer o processo de doação e transplantes para a população.
A fila de espera para transplantes é permanente e no caso de pacientes que aguardam por um rim as vagas para inscrição estão disponíveis. “Cada médico coloca seu paciente na fila, via on-line, pelo sistema. Existe priorização por algum motivo, se a pessoa não tem acesso à diálise, ou outra coisa que aconteceu. O paciente recebe pontos e vai para primeiro da fila. Todos os critérios são levados em consideração, além da compatibilidade”, explicou a coordenadora.
Davi de Souza Silva, 42, ficou seis anos na fila do transplante de rim. Cogitou se inscrever fora do Estado, mas desistiu devido aos custos. Em novembro de 2017 ele recebeu um rim de doador falecido e recebeu alta hospitalar 20 dias depois da cirurgia. “Eu estou perfeito, foi melhor do que esperava. Fiz hemodiálise durante muito tempo, já estava cansado. Só não fui para fora do Estado porque é muito caro, senão teria ido, porque aqui demorou muito”.
Até 2013 a Santa Casa matinha média de 60 procedimentos por ano e número que caiu para apenas dois em 2015 e 2016. Os procedimentos foram suspensos entre dezembro 2013 e julho de 2014 pela Comissão Nacional de Transplantes após a morte de nove pacientes transplantados, sete renais e dois cardíacos (45 pacientes fizeram transplante de rim e três de coração em 2013, que deixou de ser realizado no hospital).
O hospital informou que em 2015 estava sem habilitação para os transplantes, mas agora está em trâmite autorização para transplantes de medula, coração e fígado. Em dezembro de 2017 o Hospital Universitário tentava habilitação para transplantes de córnea, pois havia adquirido microscópio cirúrgico oftalmológico que permite o procedimento, porém, ainda há pendências de autorização da Vigilância Sanitária e contratualização.