Saúde
Plano do governo não prevê vacinas que exijam baixíssima temperatura
G1
01 de Dezembro de 2020 - 14:37
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, disse nesta terça-feira (1) que o plano de vacinação contra Covid-19 só ficará pronto quando a vacina estiver registrada na Anvisa.
Ele também ressaltou que a vacina que será administrada precisa ser termoestável, ou seja, que não precise de baixíssimas temperaturas de armazenamento, como ocorre com candidatas da Pfizer e da Moderna. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) já havia alertado que países nas Américas não estão prontos para receber vacinas contra a Covid-19 baseadas em RNA (material genético), que precisam ser armazenadas em temperaturas muito baixas.
Medeiros retomou pontos já apresentados pelo governo em relação à vacina durante entrevista coletiva sobre o combate à Aids.
“É fundamental pensarmos que esse plano operacional para a vacinação da Covid-19 só definitivamente ficará pronto, fechado, quando tivermos uma vacina, ou mais de uma, que esteja registrada na Anvisa. Para isso, ela precisa mostrar seus dados de segurança e eficácia para a população brasileira”, disse Medeiros.
Temperatura de armazenamento
Sem citar nomes de laboratórios, Medeiros falou também sobre o perfil de vacina desejada. Um dos pontos, segundo o secretário, é que ela seja termoestável.
"Desejamos que a vacina seja fundamentalmente termoestável por longos períodos, em temperaturas de 2 a 8 graus, porque a nossa rede de frios é montada e estabelecida com essa temperatura".
Tanto a Pfizer quanto a Moderna buscam alternativas para driblar a exigência de baixas temperaturas.
No caso da Pfizer, a vacina precisa ficar em temperatura inferior -70° C durante o transporte. A empresa conta que desenvolveu uma embalagem especial (em formato de caixa) com temperatura controlada que utiliza gelo seco para manter a condição de armazenamento recomendada (...) por até 15 dias.
Já a Moderna conseguiu alcançar uma temperatura de armazenamento a -20° C. A microbiologista e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) Natalia Pasternak afirma que a empresa já conseguiu ainda que o imunizante seja mantido por um mês em geladeira tradicional.
Mais sobre o perfil das vacinas
Outros pontos sobre o perfil desejado são: segurança, proteção contra doença grave e moderada, eficácia, indução de memória imunológica, possibilidade de uso em todas as faixas etárias e grupos populacionais, proteção com dose única e que ela acrescente tecnologia com baixo custo de produção.
"Nós estamos avançando com o plano de imunização para Covid-19 e devemos ter os resultados ainda esta semana sobre os 10 eixos", completou Medeiros.
Na sexta-feira (27), o Ministério da Saúde informou que uma vacina contra a Covid-19 não deve ser oferecida para toda a população em 2021. A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) da pasta, Francieli Fontana, explicou que, como alguns grupos não estão participando dos testes das vacinas, não seria possível imunizar toda a população brasileira.
"Nós definimos objetivos [com grupos prioritários] para a vacinação, porque não temos uma vacina para vacinar toda a população brasileira. Além disso, os estudos não preveem estar trabalhando com todas as faixas etárias inicialmente, então não teríamos mesmo como vacinar toda a população brasileira", disse Francieli.
O secretário-executivo Elcio Franco citou também as limitações mundiais de produção. “Quando a gente fala em imunização, o mundo não entende que terá que ter vacina para todos. A própria Covax Facility, iniciativa que junta uma série de laboratórios, ela almeja acesso a 2 bilhões de doses para a vacinar todo o mundo, e por aí verificamos que é uma meta bastante ambiciosa porque não se imagina que haverá vacina para vacinar todos os cidadãos do planeta Terra.”