Saúde
Sarampo é altamente contagioso, como a gripe; veja sintomas
Doença volta a preocupar autoridades de saúde do Brasil por causa da baixa cobertura vacinal.
G1
16 de Abril de 2022 - 09:18
Um aumento de casos de sarampo e a baixa cobertura vacinal contra a doença em 2022 preocupa autoridades de saúde do Brasil. O país chegou a ser considerado livre do sarampo em 2016, mas perdeu o certificado após um novo surto três anos depois.
A vacina está disponível nos postos de saúde para ser tomada, mas em 2021 a cobertura nacional da primeira dose da tríplice viral foi 71%, e a da segunda dose foi de 50%. O esperado é de 95% do público infantil. A partir do dia 3 de maio de 2022, o governo começa uma campanha nacional para imunizar crianças de seis meses a menores de cinco anos. Só a vacina previne a doença com eficiência.
Saiba mais sobre sintomas, transmissão e prevenção do sarampo. Entenda abaixo no gráfico, no podcast, em vídeos e em perguntas e respostas:
Sarampo — Foto: Arte G1
O que é o sarampo e quais são os sintomas?
O sarampo é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus transmitido por vias aéreas, que já foi muito prevalente na infância de todas as crianças brasileiras. Ele pode deixar sequelas por toda a vida ou levar à morte.
Sintomas comuns e característicos da doença são manchas brancas na parte interna da bochecha e vermelhas na pele. Elas aparecem primeiro no rosto e vão em direção aos pés.
Outros sintomas comuns são tosse persistente, irritação nos olhos e corrimento no nariz.
A doença também pode causar febre, infecção nos ouvidos, pneumonia, diarreia, conjuntivite, perda e apetite e convulsões.
O vírus também pode atingir as vias respiratórias e até causar e infecções no encéfalo.
No limite, a doença pode provocar lesão cerebral e morte.
As complicações podem ser diferentes em cada fase da vida?
Sim. Veja complicações mais associadas a determinadas fases, segundo o Ministério da Saúde:
Crianças:
- Pneumonia - Ocorre em cerca de 1 em cada 20 crianças com sarampo.
- Infecções de ouvido - Ocorrem em cerca de 1 em 10 crianças com sarampo.
- Encefalite aguda - Ocorre em cerca de 1 em cada mil crianças com sarampo.
- Morte - 1 a 3 a cada mil crianças doentes (entre 0,1% e 0,3%) podem morrer em decorrência de complicações do sarampo.
Adultos
- Pneumonia é a principal complicação.
Gestantes
- Mulher em idade fértil (10 a 49 anos) não vacinada antes da gravidez pode ter parto prematuro e o bebê pode nascer com baixo peso, segundo o Ministério da Saúde. Por isso é importante se vacinar antes da gestação, pois a vacina é contraindicada durante a gravidez.
Todo mundo pode pegar sarampo? Como é a transmissão?
Sim. A doença tem distribuição universal, diz o Ministério da Saúde.
A transmissão ocorre diretamente, de pessoa para pessoa, por tosse, espirro, fala ou respiração. Por isso, a doença é considerada altamente contagiosa e a única forma efetiva de prevenção é a vacina.
Algum grupo está mais vulnerável? Há 'grupo de risco'?
Todos podem pegar a doença, mas recém-nascidos estão mais vulneráveis. Gestantes, imunossuprimidos (pessoas com doenças que abalam fortemente a imunidade) e aqueles com grave problema de desnutrição estão mais suscetíveis a infecções graves.
Tem tratamento?
Segundo o Ministério da Saúde, não há tratamento específico para o sarampo. É recomendável a administração de vitamina A para reduzir casos fatais.
Já nos casos sem complicações mais graves, é recomendável manter a hidratação, uma boa alimentação e o controle da febre.
Tem teste para identificar o sarampo?
O teste para verificar a presença do vírus é feito por meio da identificação de anticorpos específicos contra o micro-organismo. Só é possível fazer o exame, no entanto, na fase aguda da doença -- desde os primeiros dias até quatro semanas após o surgimento das alterações na pele.
A vacina está disponível?
A vacina está disponível o ano inteiro em todos os postos de saúde. Adultos e crianças a partir de seis meses de idade podem tomar.
Duas doses valem para a vida inteira, mesmo tomadas na infância. Quem já teve a doença também está protegido.
Aos adultos com dúvidas se tomaram a vacina, a primeira recomendação é procurar a carteira de vacinação. Quem perdeu o documento ou não se lembra pode procurar um posto de saúde.
Não lembro se tomei a vacina. Devo tomar?
"No sinal de qualquer dúvida sobre se tomou a vacina ou não, ou se teve a doença no passado, vale tomar a vacina. Na pior das hipóteses, a pessoa vai se imunizar à toa", diz Isabela Ballalai, da Sociedade Brasileira de Imunizações.
A vacina é segura?
Sim, afirmam o Ministério da Saúde e a SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações). Ela é feita de vírus atenuado (enfraquecido).
Em décadas de imunização no mundo inteiro, apenas casos de alergia a produtos do leite contidos na vacina foram reportados. Hoje, no entanto, há vacinas sem traços de lactoalbumina (proteína do leite da vaca).
O que tem dentro da vacina?
A vacina oferecida na rede pública é a tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola.
Dentro da vacina, há os três vírus enfraquecidos, albumina e aminoácidos (proteínas), sulfato de neomicina (medicamento usado contra infecções), sorbitol (um tipo de açúcar derivado do álcool) e gelatina. Algumas vacinas contêm traços de proteína do leite da vaca.
Qual a importância da vacinação?
“Tem a ver com aquilo que a gente chama do efeito rebanho. Quanto mais pessoas estiverem vacinadas, se eu não tiver uma vacinada, eu consigo segurar e conter a transmissão. Então é muito importante que a gente tenha altas coberturas vacinais principalmente para o sarampo, caxumba e rubéola”, diz ao Jornal Nacional Regiane de Paula, coordenadora em saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças do estado de Sâo Paulo.
Pediatras temem os riscos da baixa cobertura vacinal e apontam como motivos as mensagens falsas, as chamadas fake news, e a percepção errada de que o sarampo não representa mais perigo. Ao contrário, essa é uma doença que pode levar até a morte.
“Nós já tivemos nos anos passados muitos casos de sarampo. É uma doença que não poupa indivíduos sem vacina, indivíduos suscetíveis. Ao acumularmos muitas crianças sem vacinas, é um campo fértil para disseminação do vírus novamente”, afirma o infectologosta pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Qual a situação do sarampo no Brasil hoje?
Em entrevista a Julia Duailibi no podcast O Assunto, o médico Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, conta que, como professor, “formou várias gerações de médicos” que nunca haviam visto um caso sequer de sarampo – e que, hoje, precisam de treinamento específico para diagnosticar a doença, cujos sintomas iniciais se assemelham a de outras viroses.
Sáfadi descreve também o ciclo infeccioso do vírus, seu índice de transmissibilidade e seu risco de hospitalização e doença. Este ano, já são 13 casos confirmados e cerca de 100 suspeitos da doença, sendo 25 deles no estado de São Paulo, onde a epidemiologista Regiane de Paula é coordenadora de controle de doenças. Também neste episódio, ela fala sobre o fenômeno recente da queda na vacinação, consequência de fake news e desinformação.