Sidrolândia
Assentado que recebeu titulo de Bolsonaro já é pequeno produtor com lavoura de 80 ha
Júlio Cristaldo entrou na área de 9,4 hectares em 2006, quando o Assentamento Eldorado foi criado, quando tinha 32 anos de idade
Flávio Paes/Região News
17 de Maio de 2021 - 10:03
O único assentado de Sidrolândia que recebeu das mãos do presidente Jair Bolsonaro o título de posse definitiva na sexta-feira passada, é um exemplo de sucesso, contrariando prognósticos e expectativas dos adversários da reforma agrária, presos a imagem do assentado como um eterno dependente do assistencialismo do Governo, que não conseguem extrair o sustento da exploração produtiva do lote.
Júlio Cristaldo entrou na área de 9,4 hectares em 2006, quando o Assentamento Eldorado foi criado, quando tinha 32 anos de idade, com a mulher e duas crianças pequenas. Hoje, aos 47 anos, ele é um próspero pequeno produtor. Expandiu os limites do seu lote no Eldorado Parte II, por meio de parcerias com vizinhos e atualmente tem lavoura em 8 lotes. Já conseguiu comprar o trator e a colheitadeira indispensável para o trabalho na lavoura.
Júlio plantou 60 hectares de soja com uma produtividade média de 50 sacas por hectares, colheu 3 mil sacas do grão que vendeu para a Cooperalfa, cooperativa na qual é associado desde 2018. Sua preocupação atual é com o longo período de estiagem que pode comprometer a colheita nos 80 hectares de milho que plantou nesta safrinha.
O recebimento do título foi uma surpresa para Júlio que nem acreditou quando na semana passada recebeu a ligação de uma assessora do Incra o convidando para participar da solenidade com a participação do presidente.
“Espero que além de mim, todos os meus vizinhos também recebam este documento, muito aguardado por todos”, revela.
Além de se tornarem de fato e de direito proprietários, o título oferece a oportunidade para o pequeno produtor ter acesso a todas as linhas de financiamento do crédito rural (custeio e investimento). O Pronaf, única linha de crédito disponível ao assentado, está limitado a R$ 330 mil, insuficiente para cobrir os custos de duas safras anuais.
Júlio acredita que qualquer assentado tem chance de evoluir da produção quase sempre de subsistência e ingressar na agricultura em grande escala. “Não foi fácil esta evolução. Primeiro, tive horta, plantio de milho, como o resultado não foi bom, resolvi arriscar plantar soja, mesmo sem ter trator ou colheitadeira. Trabalhava em fazendas vizinhas em troca do uso das máquinas”, revela.
Em 2018 resolveu se associar a Cooperalfa, cooperativa originaria de Santa Catarina, onde predomina as pequenas propriedades. Hoje ele está convencido de que tomou uma decisão acertada. “A cooperativa me antecipa todos os insumos e defensivos e, desconta, do valor da soja ou milho que vendo para a Alfa. Além disso, tenho assistência dos técnicos da cooperativa que visitam a lavoura praticamente toda a semana”, explica.
Entrega de títulos
Na sexta-feira o presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, entregaram no Assentamento Santa Mônica, em Terenos, 2.200 títulos de posse definitiva para assentados. Embora seja a cidade que concentra o maior número de assentamentos (são 29) com aproximadamente 5 mil famílias, há 6 anos a Prefeitura custeia a manutenção de um escritório do Incra, só dois assentados do município recebeu o documento que os torna proprietários dos lotes.