Com uma produção diária de 500 litros, a família Macieira é referência na pecuária leiteira

A família Macieira enfrenta uma dura rotina de trabalho, que começa às 4 horas da manhã e se estende por mais de 12 horas, de segunda a domingo, sem pausas em feriados ou aos domingos. Todo esse empenho transformou o Sítio Macieira, um lote de 12 hectares no Assentamento Eldorado 1, em um exemplo de sucesso entre os pequenos produtores de leite do município, com uma produção diária de 500 litros provenientes de um rebanho de 27 vacas paridas das raças girolanda e holandesa.

Além do trabalho do casal Francisco André e Roseli, que contam com a ajuda dos dois filhos, Ian Mateus e Andrei, o segredo do sucesso para a família tornar a produção leiteira rentável foi a aplicação de métodos comuns em qualquer negócio bem-sucedido: controle de custos e adoção de técnicas e manejo para manter a produtividade do rebanho, mesmo durante o período de seca. "A vaca só vai produzir bem se comer o suficiente", sintetiza dona Roseli, responsável pela parte administrativa do negócio. Uma das últimas conquistas, fruto do compromisso de reinvestir parte do lucro no próprio negócio, foi a aquisição de um trator usado, que os livra da dependência de contratar serviços de terceiros. Por enquanto, o sonho de trocar o carro da família, que está estragado, por um modelo novo foi adiado.

A venda dos bezerros é a fonte de renda utilizada para pagar os financiamentos que garantiram a compra de vacas de boa genética, implantação de cochos feitos com bagaço, ordenhadeira, plantio de milho e capim para a preparação da silagem, além da pastagem com gramíneas adequadas para a alimentação do gado.

O apoio dos técnicos da Agraer e do Senar foi fundamental para o sucesso da atividade. Há 9 anos, a família deixou a periferia de Campo Grande, onde já produzia leite ocasionalmente, circulando pelas ruas do Jardim Los Angeles. A propriedade possui 6 hectares de milho e 2 hectares de capim capiaçu, matéria-prima da silagem utilizada na alimentação do gado. Existem também 27 piquetes de capim zuri, uma gramínea resistente às pragas e com boas qualidades nutricionais. Para melhorar os resultados, eles adotaram o pastejo rotacionado.

A manutenção de bons níveis de produção durante todo o ano, mesmo na entressafra, é uma estratégia fundamental na hora de negociar o preço e o prazo de pagamento com os laticínios, de acordo com dona Rosely Araujo da Silva. A família conseguiu reduzir de 60 para 45 dias o prazo de pagamento pelo leite, que é vendido a R$ 2,30 o litro.

O caçula Andrei, de 16 anos, divide seu tempo entre os estudos e o trabalho diário junto com seu pai e irmão mais velho. Ele acorda cedo porque às 6h30 passa o ônibus que o levará até a Escola Paulo Firmo, que fica a 15 km de distância, onde ele cursa o 3º ano do Ensino Médio. Está nos planos de Andrei fazer faculdade de agronomia. Ele já participou de alguns cursos de capacitação do Senar, mas não pode receber o certificado de conclusão devido à sua pouca idade.