Sidrolândia
CPN fecha as portas e põe fim a um ciclo de 2608 dias de funcionamento com 1.829 partos
Kellen ainda tem esperança que até o dia 10 a equipe do Centro esteja trabalhando, ainda que cumprindo aviso prévio por conta da dispensa.
Redação/Região News
30 de Abril de 2023 - 19:59
O Centro de Parto Normal Magdalena Targa do Nascimento do Hospital Elmiria Silveira Barbosa, encerra suas atividades nesta segunda-feira. O CPN se tornou uma referência regional do parto humanizado onde foram feitos 1.829 partos em 2.608 dias de funcionamento. O fechamento da unidade se tornou inevitável porque a direção do hospital não viabilizou uma fonte de financiamento (R$ 350 mil por mês) para a contratação da equipe de retaguarda, determinada por uma decisão judicial.
O CPN recebe R$ 75 mil por mês (R$ 50 mil do Ministério da Saúde e R$ 25 do Estado). A Câmara se comprometeu a devolver ao Executivo R$ 450 mil em 3 parcelas de R$ 150 mil para ajudar no custeio do Centro. O fechamento do CPN frustra expectativas de gestantes que vinham se preparando para ter filhos no parto humanizado.
A auxiliar de saúde bucal, Kellen Moraes, 27 anos, está grávida de 38 semanas e está na expectativa que o Vicente, nome do seu 2⁰ filho, nasça no próximo dia 10. Ela já é mãe do João Miguel, que nasceu dia 5 de novembro de 2015, de parto normal, no Elmiria Silvério Barbosa, 5 meses antes da inauguração do CPN.
Kellen ainda tem esperança que até o dia 10 a equipe do Centro esteja trabalhando, ainda que cumprindo aviso prévio por conta da dispensa. Está fora dos planos ir pra Capital e não exclui a possibilidade de ter o Vicente em casa, com ajuda do enfermeiro obstetra, Ramão Vargas, demitido na quinta-feira passada. Foram mais de 20 anos de serviço, quase metade dos seus 42 anos de vida, período em que ajudou 800 crianças nascerem.
Quem também estava na expectativa de ter o filho (o 4⁰ ) no CPN é Niceli Andrade Santos, de 38 anos, que está no 5⁰ mês de gestação. Fernando, o nome que escolheu, vai nascer em setembro e ela quer tê-lo num parto humanizado. Quer repetir a experiência em 2020 quando teve seu filho caçula, o Arthur, nascido em 3 de março. "Fui muito bem atendida pela equipe", lembra.
Sem o CPN, que atendia 40% das gestantes da cidade, as grávidas terão de ir pra Capital”.
Impactos
Sem o CPN, que atendia 40% das gestantes da cidade, as grávidas terão de ir pra Capital. Com o fechamento do CPN parte da equipe de obstetra e técnicos de enfermagem, foi dispensada. Na quinta-feira (27) o enfermeiro obstetra Ramão Vargas responsável pelo parto humanizado foi pego de surpresa (embora houvessem rumores do fechamento), pelo RH do hospital logo após um parto humanizado, quando foi informado de sua dispensa. O enfermeiro fez uma carta de desabafo e despedida em suas redes redes socias:
RELEMBRE A INAUGURAÇÃO DO CPN - 08 DE MARÇO DE 2016
ESTOU A PROCURA DE EMPREGO!
"Uma mistura de emoções! Acabo de assistir um parto, um lindo parto humanizado há uns 30 minutos, momento de muita alegria. Estava no consultório fazendo as documentações do parto, de repente às 22:30h o rapaz do RH do hospital entra na sala e me demite, solicitando para assinar minha rescisão”, diz um trecho de sua postagem.