Sidrolândia
Falta de chuva compromete supersafra de milho e produtores já projetam perda de 40% da produção
No início do plantio, a expectativa é de que Sidrolândia repetisse pelo terceiro ano consecutivo seu recorde de produção de milho.
Flávio Paes/Região News
04 de Junho de 2021 - 08:26
Embora a colheita só deva começar em agosto, daqui a quase dois meses, para os produtores de Sidrolândia não acreditam mais numa supersafra do milho safrinha. O Sindicato Rural já projeta uma perda de 40% na produtividade média, de 91 sacas por hectare para a faixa de 51, insuficiente até para cobrir os custos de produção (equivalentes a 50 sacas por hectare no caso de quem investiu pesado em tecnologia na expectativa mais que o dobro disso).
No início do plantio, a expectativa é de que Sidrolândia repetisse pelo terceiro ano consecutivo seu recorde de produção de milho. A área cultivada aumentou 20 mil hectares (de 180.470,85 hectares para mais de 200 mil hectares).
Mantida a produtividade de 91,4 sacas/ha, a produção aumentaria de 989.890,88 toneladas para quase 1,1 milhão de toneladas, superando a melhor safra do município, a de 2019, quando foram colhidos mais de 1,050 milhão de toneladas, em 182.287,07 hectares plantados, mas a produtividade média chegou a 96,9, sacas por hectare.
O presidente do Sindicato Rural, Paulo Stefanello, acredita que na maior parte das lavouras, 50% de queda da produtividade seja irreversível, independente do quanto chova até a colheita. Ele acredita que em algumas lavouras a perda foi tão grande que o produtor nem vai colher porque não compensa, o produtor vai gradear a terra.
Stefanello avalia até a possibilidade de pedir a decretação da situação de emergência na zona rural, como instrumento jurídico para negociar com os bancos a postergação dos prazos de pagamento dos financiamentos de custeio.
Nem mesmo o aumento de 132,39% na cotação do grão que um ano passou de R$ 39,70 para R$ 92,60, nesta primeira semana de junho teve uma ligeira queda de 8,51% (está em R$ 88,00), alivia este cenário de perda de rentabilidade e prejuízo mesmo. Segundo análise da equipe técnica da Famasul que monitora a evolução da safra e mercado, poucos produtores se beneficiam destes preços pela simples razão que não tem milho em estoque para comercializar.
Outro aspecto é que 40% da safra foi vendida antecipadamente com o preço pré-fixado, na época do plantio em R$ 35,00, que na época era a cotação de mercado e se imaginava uma estabilização dos preços diante da perspectiva de uma grande produção. A venda antecipada para cooperativas e grandes trading exportadoras, é saída para o produtor que não tem capital próprio para custear a própria safra escapar do financiamento bancário. Os grandes produtores fazem um mix das três alternativas de financiar o custeio.
Está alternativa é distante da realidade de pequenos produtores (para os padrões do agronegócio) como Claiton Straub, dono de uma lavoura de 300 hectares na região do Capão Seco. Ano passado ele conseguiu uma produtividade média de 113 sacas por hectare. Investiu o equivalente a 50 sacas por hectare no custeio, com a venda antecipada de parte da produção com o preço pré-fixado em R$ 35,50.
Como não tem chovido o suficiente em Sidrolândia, 30 milímetros entre os dias 24 e 30 de maio, ele acredita que consiga no melhor dos cenários (possível se chover bem mais que os 190 milímetros previstos para junho e julho), consiga colher 60 sacas por hectare, o suficiente praticamente para pagar o custeio e o plantio da lavoura de soja.