Sidrolândia
Impacientes com a demora da obra, moradores anteciparam tráfego em ruas interditadas
A impaciência se acentuou, porque foram 90 dias de espera entre a terraplanagem e o início da imprimação que precede o pavimento.
Flávio Paes/Região News
24 de Novembro de 2019 - 21:37
Há 9 anos na expectativa da pavimentação, lançada inicialmente em 2010, os moradores não tiveram a mesma paciência dos seus vizinhos do Jardim das Paineiras, asfaltado recentemente (só que na modalidade comunitária em que moradora banca 80% da obra). Segundo o setor de engenharia da Prefeitura, eles não esperam o tempo de cura do pavimento a frio (o mesmo empregado no Paineiras) e começaram a trafegar nas ruas, inclusive quando algumas delas estavam interditadas para obras.
O resultado é que trechos do asfalto cederam ao peso da passagem dos veículos. A impaciência se acentuou, porque foram 90 dias de espera entre a terraplanagem e o início da imprimação que precede o pavimento. Tecnicamente, o recomendável, segundo o setor de engenharia da Prefeitura seria esperar 28 dias para a liberação integral do tráfego quando se emprega o tratamento superficial com lama asfáltica, como é foi o caso do material empregado no Bairro Sol Nascente.
Trechos do asfalto das ruas São Paulo e Luiz Bretan terão de ser refeitos porque afundaram. Não resistiram ao peso de um caminhão guincho que transportava na carroceira outro veículo. Para burlar a interdição, entram pela Rua Santa Catarina atravessando um terreno baldio. Na Rua Paulo Osmar, outro ponto em que o pavimento ficou deteriorado, o motorista de um caminhão também ignorou que a obra estava em andamento e manobrou na pista.
Até um entregador dos Correios passou de motocicleta pelo bairro, com o serviço em andamento. A Sanesul também deu sua “contribuição”: sem avisar a Prefeitura ou a empreiteira, simplesmente abriu uma valeta na Rua Paulo Osmar.
No Jardim das Paineiras, onde havia uma comunicação direta entre moradores e a empreiteira, que criaram um grupo de WhatsApp respeitaram as recomendações, por muitos dias, deixaram de usar os próprios carros no bairro para preservar o pavimento.
Demora
O projeto de pavimentação do Jardim Sol Nascente se arrasta há 8 anos, depois de ser viabilizado em 2010 com um convênio firmado com o Ministério das Cidades no valor de R$ 986.600,00 e uma contrapartida de recursos municipais de R$ 594.704,41, totalizando R$ 1.582.304,41.
O convênio foi encerrado no dia 30 de maio do ano passado, quando o Ministério já tinha liberado R$ 635.026,60. Ao executar com recursos próprios alguns serviços como a construção de meio-fio, a Prefeitura se livrou da obrigação de devolver (com correção) o dinheiro que já havia recebido, mas perdeu o saldo do convênio, R$ 352.571,20.
Em 2016 o asfalto no Sol Nascente foi uma das 44 obras inacabadas em Mato Grosso do Sul que o Governo Federal elegeu como prioridade concluir. Foi feita uma reprogramação em 2017 para liberação do saldo de recursos, mas o projeto não foi retomado porque na época a Prefeitura não tinha como arcar com a contrapartida, em torno de R$ 670 mil. Projeto arrastado.
A obra no Sol Nascente foi iniciada em 2010 e quando o ex-prefeito Daltro Fiuza encerrou sua gestão em dezembro de 2012, só 12,12% tinham sido executados, ao custo de R$ 166.850,71, tendo sido pagos só 3,42% (R$ 47.082,93). No início da gestão do ex-prefeito Ari Basso, em 2013, a obra foi interrompida em função de um inquérito promovido pelo Ministério Público para apurar denúncias de irregularidades na licitação. Teria havido direcionamento do processo, que acabou não sendo comprovada ao término das investigações. Enquanto perdurou o inquérito, por orientação da Promotoria, a Prefeitura ficou proibida de pagar à Policon Engenharia, mesmo as medições dos serviços já executados.
A contrapartida inicial, R$ 394.100,69, foi aplicada na construção de uma galeria celular de 358 metros com dissipador de energia que margeia o Parque Ecológico. Esta galeria leva a enxurrada que desce da Avenida Antero Lemes, passa sob a rodovia, até a nascente do Rio Vacaria.