Sidrolândia
Ministra dos Povos Originários usa camiseta confeccionada em Sidrolândia que rendeu premiação da TV Globo
A produção, que gira em torno de 100 camisetas por mês, envolve 10 pessoas, todos familiares de Sol, que residem na Aldeia Tereré.
Redação/Região News
29 de Maio de 2023 - 14:55
Quem assistiu à 6ª edição do "Prêmio Sim à Igualdade Racial", promovido pelo Instituto de Identidades do Brasil e transmitido pela TV Morena no domingo à noite, teve uma grata surpresa: uma das premiadas foi Ducineide Clementino, uma sidrolandense de 39 anos, nascida na Aldeia Córrego do Meio. Conhecida como Sol Terena na Aldeia Tereré, Ducineide retornou à aldeia em março, após passar oito anos em Campinas.
Ela foi premiada nas categorias Trajetória Empreendedora e Acessibilidade Indígena por sua criação da grife Grafismo Indígena, que desenvolveu seis coleções de camisetas estampadas com grafismos e frases de luta da etnia terena, produzidas por serigrafia.
A produção, que gira em torno de 100 camisetas por mês, envolve 10 pessoas, todos familiares de Sol, que residem na Aldeia Tereré. Ela é responsável pela gestão e divulgação da marca nas redes sociais.
As camisetas, vendidas a R$ 80,00, alcançaram sucesso, sendo compradas por apoiadores da causa indígena residentes nos Estados Unidos e na Europa, além de serem vestidas por lideranças como a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e celebridades como a atriz Júlia Lemmertz.
Sol, que sempre se dedicou ao grafismo corporal e à pintura em tela usando pigmentação natural extraída do jenipapo e urucum, afirma que tem como missão de vida dar visibilidade à cultura terena.
Durante os oito anos em que morou em Campinas, ela divulgou essa cultura em escolas, universidades e para a sociedade em geral. As estampas das coleções do Grafismo Indígena são mais uma plataforma para concretizar esse projeto de vida. Pelas redes sociais, modelos indígenas vestem com orgulho suas criações.
Ducineide veio para a Aldeia Tereré com sua família quando tinha 11 anos. Aos 6 anos, enquanto ainda morava na Aldeia Córrego do Meio, foi picada por uma cobra da espécie urutu cruzeiro, uma das mais venenosas.
Ela ficou internada em estado grave por três meses e precisou de um longo tratamento que exigiu a mudança para a cidade. Como sequela do acidente, Ducineide teve a deformidade do braço direito.