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SIDROLÂNDIA- MS

Micro-agroindústrias garantem a assentados renda de classe média, mais de R$ 4,5 mil

De acordo com pesquisa da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação) dos 3.314 dos agricultores familiares, 2.210 têm renda maior com atividades fora da propriedade.

Redação/Região News

06 de Abril de 2025 - 17:09

Micro-agroindústrias garantem a assentados renda de classe média, mais de R$ 4,5 mil

Mesmo sem acesso às linhas de crédito do Pronaf, assistência técnica, dificuldade de comercialização, em meio a este cenário de adversidades, um grupo, por enquanto pequeno de assentados, está agregando valor ao que produzem na gleba com suas micro-agroindústrias, que lhes proporciona renda acima de três salários mínimos, em torno de R$ 4,5 mil, o que os habilita a condição de classe média, mesmo não aderindo a tendência quase geral de arrendamento ou venda dos lotes para o plantio de soja e milho.

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Conforme o cadastro único do Ministério do Desenvolvimento Social, dos 2.346 beneficiários iniciais da reforma agrária que ainda permanecem na posse do lote (52,28% dos 4.487 beneficiários originários com o programa), só 168 (7,16%), têm renda acima de três salários mínimos: 1.262 (53%) ganham até um salário mínimo, sobrevivendo basicamente da aposentadoria ou do benefício de prestação continuada (BCP) o que os coloca na linha de miséria, 719 recebem bolsa família, 772 complementam a renda fazenda bicos; 63 fazem diárias em fazendas próximas; 21 trabalham sem carteira assinada e 436, tem empregos com carteira assinada.

Têm renda entre um e dois salários, 696 assentados e 220 entre dois e três mínimos.

De acordo com pesquisa da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação) dos 3.314 dos agricultores familiares, 2.210 têm renda maior com atividades fora da propriedade, 1.104 sobrevivem apenas da exploração do lote.

Entre os que conseguiram vencer esse círculo de dependência dos programas de transferência de renda, está o assentado José de Almeida, que mesmo tendo ficado acampado, com um longo histórico de atividade no campo (por muitos anos foi arrendatário na região de Sonora), só há seis anos conseguiu tomar posse dos 9,75 hectares no Eldorado Parte após comprar o " direito" do antigo dono. Está na expectativa de conseguir do Incra o CCU (Contrato de Concessão de Uso) que o habilitará a ter acesso as linhas de crédito do Pronaf. Planta mandioca em 4 hectares, um hectare reservou para a cana que vende para a produção de garapa e o resíduo, usa na alimentação do gado leiteiro que mantém num lote próximo onde arrendou para pastagem, totalizando 25 hectares. Adquiriu ordenhadeiras para aumentar a produção leiteira que vende para um restaurante.

Micro-agroindústrias garantem a assentados renda de classe média, mais de R$ 4,5 mil

Descasca e embala a mandioca sob a marca Center Vale que vende para a vizinhança chegando até 800 kg por mês.

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Quem também apostou numa micro-agroindústria para garantir uma boa renda é o assentado Altair Alves Ferreira, do Alambari CUT, que entrega para a merenda escolar e vende 800 kg de mandioca por semana com a marca Chácara Três Ipês, usada também para rapadura e amendoim que fabrica a partir do melaço da cana de açúcar e parte do leite produzindo no seu lote de 9 hectares.

Micro-agroindústrias garantem a assentados renda de classe média, mais de R$ 4,5 mil

No assentamento Santa Terezinha, onde só um produtor arrendou ou comprou o direito de posse de 40 lotes dos 64 do parcelamento, Valdecir Silva é um dos poucos que ainda resiste às propostas de arrendamento. Ele passou boa parte da infância acampado com os pais, eles envelheceram e Valdecir assumiu a gestão dos 15 hectares. Após mais uma de uma década à fruticultura (chegou a ter 8 mil pés de abacaxi plantados e 100 mil de abacaxi) resolveu se dedicar ao plantio de milho irrigado começando com três hectares, podendo chegar a 5 hectares. Já está vendendo as espigas na feira, nesta semana começa a entrega nas escolas com o rótulo de "Sol Nascente". "O milho dá menos trabalho, não envolve tanta mão de obra na colheita", explica.