Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Segunda, 7 de Outubro de 2024

Sidrolandia

A Operação “Erva Daninha” da PF mira Dourados

A maioria é para tratamento contra o câncer, doenças do coração, disfunção erétil e abortivos

Dourados Agora

01 de Outubro de 2010 - 08:57

A Operação “Erva Daninha” da PF mira Dourados
Nova opera - Foto: Jo

A Operação “Erva Daninha”, que combate a venda de medicamentos falsos, está ‘de olho’ em Dourados. A afirmação é do presidente do Conselho Regional de Farmácias de Mato Grosso do Sul (CRF), Ronaldo Abraão.

Segundo ele, um levantamento feito no município mostra dados alarmantes. Pessoas estariam morrendo em consequência do consumo de medicamentos contrabandeados. A maioria é para tratamento contra o câncer, doenças do coração, disfunção erétil e abortivos.

Todos os trabalhos no Estado acontecem em parceria entre Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Decon), Polícia Federal e o CRF. Ontem a operação foi deflagrada na Capital e fechou uma fábrica clandestina de remédios. Segundo a Polícia, o local abastecia todo o País.

No local, havia quase uma tonelada de materiais. Além da falta de registro, os fiscais e policiais encontraram condições precárias na produção. O proprietário foi preso.

Para Abraão, em Dourados não é diferente. Segundo ele, algumas farmácias causam grandes problemas para a fiscalização. “A cidade está praticamente abandonada no quesito punição. Apesar das fiscalizações, o CRF ainda não tem poder de interditar ou prender quem vende remédio falso. Falta apoio dos órgãos competentes locais”, disse.

Por conta disso, o crime, segundo Abraão, “encontrou terreno fértil” nas farmácias, causando a morte de consumidores. Um levantamento mostra que mais de 20% dos medicamentos oferecidos nas empresas irregulares seria fruto do contrabando. “Dependendo da doença, pode agravar o quadro clínico do paciente que pode até mesmo chegar a morte ou sofrer efeitos colaterais irreversíveis”, destaca.

Apesar de não divulgar a data da operação no interior do Estado, Abraão garante que, com o apoio da polícia, as farmácias irregulares de Dourados, que estariam há muito tempo penalizando a população, serão flagradas e punidas com interdição e prisão. Para amenizar o problema e se defender contra os piratas, o presidente sugere que a população cobre seus direitos e denuncie.

“O paciente deve exigir ser atendido por um farmacêutico, que deve estar o tempo todo na farmácia. Este profissional é o responsável pelo setor e responde pela venda irregular de medicamentos. É ele quem vai preso ou tem o registro cassado quando constatado algum tipo de fraude, por isto tem o dever de redobrar os cuidados na venda da farmácia na qual presta serviço. Muita gente pensa que o balconista de entende de medicamentos. Ele é especialista em vender os remédios”, alerta.

GAECO

Recente operação do Grupos Especializado de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apontou para crimes que chamam a atenção das autoridades. De acordo com a polícia, alguns proprietários estariam comprando medicamentos falsos, através da venda de porta em porta, por conta do lucro exorbitante. Uma caixa de um remédio falso para disfunção erétil, por exemplo, é comprada pelas farmácias por R$ 10 e revendido a R$ 20 cada comprimido.

Outra constatação é que ambulantes de Dourados estariam indo às farmácias para oferecer medicamentos piratas e de venda proibida. Esse tipo de comércio pode estar sendo abastecido por redes do Paraguai e da China, suspeita a Delegacia de Fronteira (Defron).

De acordo com o laboratório do Pramil, em Assunção, a empresa tem o maior interesse em coibir a venda ilegal do medicamento, já que é a maior prejudicada. Informou que a falsificação é nove vezes maior do que a produção e que por isso, enquanto se arrecada cerca de US$ 500 mil com a venda do remédio verdadeiro, o crime organizado lucra com mais de US$ 4 milhões