Sidrolandia
Carne Fraca foi positiva para o país por permitir aperfeiçoamentos, diz Maggi
Segundo o ministro, o setor encerrará o ano com volumes maiores tanto no âmbito financeiro como no de exportação.
Agência Brasil
19 de Dezembro de 2017 - 17:47
Ao ser deflagrada em março deste ano, a Operação Carne Fraca representou um grande susto para o governo e para os produtores brasileiros. Passados nove meses, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, afirma que, no frigir dos ovos, o caso foi positivo, pois representou uma oportunidade de o país aperfeiçoar processos e procedimentos que, até então, eram politicamente difíceis de ser revistos. Segundo o ministro, o setor encerrará o ano com volumes maiores tanto no âmbito financeiro como no de exportação.
A Carne Fraca foi positiva para o Brasil. As crises [decorrentes dessa operação] geraram oportunidades e, para o Ministério da Agricultura, foi criada uma oportunidade de mudar processos e coisas que, politicamente, às vezes não conseguia fazer. Com a crise, com o susto e com o medo, que todos nós tivemos, foi possível avançar, disse nesta terça-feira (19) o ministro, após participar de uma cerimônia de entregas de medalha e de criação de um conselho consultivo de ex-ministros da pasta grupo instituído com o objetivo de ajudar na formulação de políticas públicas da pasta.
Maggi, no entanto, avalia 2017 como um ano difícil. Foi um ano de muitas incertezas. Em determinados momentos, como a gente fala na gíria rural, achávamos que a vaca tinha ido para o brejo, levando estaca e corda juntos. Foram situações muito tensas e delicadas, lembrou o ministro. Mas setores da agricultura, e principalmente da pecuária, conseguiram reagir muito fortemente, indo aos mercados internacionais. O governo também conseguiu responder a todos os questionamentos feitos naquele momento. Com isso, o Brasil terminará o ano ainda maior do que quando teve o problema da Carne Fraca, acrescentou.
Deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março, a Operação Carne Fraca desarticulou um esquema de corrupção envolvendo fiscais agropecuários e donos de frigoríficos nos estados do Paraná, de Minas Gerais e Goiás. Segundo a investigação, os fiscais alvo da operação recebiam propina das empresas para emitir certificados sanitários sem fiscalização efetiva da carne, o que permitia a venda de produtos com prazo de validade vencido.
Logo após a operação ter sido deflagrada, o Brasil recebeu 374 comunicados oficiais envolvendo demandas de 93 países preocupados com a qualidade da carne produzida no país. A Carne Fraca foi um grande susto, mas também nos trouxe muitos alertas. Muitos sinais nos foram trazidos dentro dessa operação, que foi na verdade uma operação muito mais folclórica e midiática do que de qualquer outra coisa, disse o ministro.
As coisas apareceram, e a gente, então, começou a tomar mais cuidado. Tudo isso fez com que muitas mudanças fossem propostas aqui internamente no ministério. Percebemos naquele momento que a grande desconfiança dos nossos importadores [aqueles para os quais a carne brasileira era vendida, no exterior] era sobre o nosso serviço de fiscalização. Muitos deles achavam que havia interferência política dentro desse processo. Começamos então a desenvolver um novo sistema para blindar tudo isso. Por isso [é] que digo: o Brasil vai sair dessa questão da Carne Fraca mais forte do que quando entrou, completou Maggi.