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Sidrolandia

Contabilidade ambiental é área nova com previsão de crescimento, dizem especialistas

Objetivo é medir os impactos que uma empresa causa na natureza.

G1

25 de Outubro de 2017 - 09:37

Por causa de fenômenos como efeito estufa e aquecimento global, a discussão sobre como conciliar o crescimento econômico e a preservação do meio-ambiente tende a crescer. Especialistas apostam, inclusive, que uma área pouco conhecida das ciências contábeis pode acompanhar o debate sobre sustentabilidade e ter uma demanda maior de profissionais: a contabilidade ambiental.

O objetivo dela é conseguir medir e esclarecer o quanto a empresa causa impactos na natureza – seja na produção de lixo, no gasto de água ou no desmatamento, por exemplo – e como ela contribui para preservar a natureza. Esses dados podem ajudar na tomada de decisões e na elaboração de políticas ambientais, além de evitar que a companhia seja multada ou enfrente problemas na legislação.

“Os mercados passaram a reconhecer uma terceira pessoa, além da física e da jurídica: a ambiental. A realidade futura é que as empresas e os consumidores não possam mais negligenciar as alterações que ocorrem no meio-ambiente”, explica Kassai, professor da Universidade de São Paulo.

Relatórios mais completos

Um dos meios para que a contabilidade ambiental funcione nas empresas é a adoção do chamado “relatório integrado”. A ideia foi desenvolvida em um projeto do Príncipe de Gales para sustentabilidade (A4s), junto com a ONG holandesa Global Reporting Initiative, em 2004.

Foram consultados ambientalistas, auditores, investidores e representantes de grandes corporações. “Estamos lutando para enfrentar desafios do século XXI com, na melhor das hipóteses, sistemas de relatórios e de tomada de decisão do século XX”, afirmou o príncipe.

A ideia passou a ser, então, fazer com que o novo relatório resumisse, de forma clara, aspectos mais amplos de uma empresa: suas informações financeiras, ambientais, sociais e governamentais. Isso porque não seria mais possível desprezar os aspectos do meio-ambiente no andamento de uma companhia – as mudanças climáticas e a exploração excessiva de recursos naturais traz efeitos para a empresa e devem ser informadas aos acionistas, à sociedade e às autoridades em geral.

Empresas como a Coca Cola, o Itaú, a Danone e a Natura já apresentaram, além do tradicional relatório de contabilidade, uma versão dele “integrada”. Há gráficos que mostram, por exemplo, a quantidade de matéria-prima explorada, de água usada e de lixo produzido. Também exibem as ações empregadas para tentar tornar a empresa mais verde.

São sempre seis capitais medidos: financeiro, manufaturado, humano, social, intelectual e ambiental. “Na década de 1970, o valor das empresas era só medido em fatores mais concretos, como máquinas que elas possuíam. Hoje, máquinas e terreno são coisas menores. O valor vai muito, além disso: inclui sustentabilidade e bom tratamento aos funcionários, por exemplo,” diz Kassai.

Onde trabalhar?

De acordo com o professor, para trabalhar com contabilidade ambiental, é necessário se preocupar evidentemente com o meio-ambiente. Não é comum, por enquanto, que as universidades incluam essa área na formação de ciências contábeis. A primeira instituição a adotar esse conhecimento no currículo foi a FEA-USP, por iniciativa de Kassai.

“O aluno vai aprender a usar ferramentas na área contábil e financeira e como mensurar esses fatores não-financeiros”, diz o docente. “A pessoa que seguir nessa área vai poder trabalhar em ONGs, empresas, governo ou por conta própria”, completa.