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Sidrolandia

Deputados do DF vão trabalhar um dia por semana durante campanha

Votações no plenário da Câmara Legislativa ocorrerão às terças-feiras. Salário e verba indenizatória dos parlamentares não sofrerão cortes.

G1

08 de Julho de 2010 - 08:38

Em reunião da mesa diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizada na quarta-feira (7), os deputados distritais decidiram que irão trabalhar um dia por semana durante o período das eleições. As votações em plenário ocorrerão apenas às terças-feiras.

Dos 24 distritais, 17 vão tentar a reeleição, e quatro uma vaga na Câmara Federal. Com 773 pessoas na disputa por uma cadeira no legislativo local, os parlamentares estão com medo da concorrência de 32 candidatos por vaga. “Os deputados também não querem ficar para trás nesse sentido. Os outros na rua e eles lá. Não quer dizer trabalhando não, até porque não tinha quorum todos os dias da semana”, disse o presidente da Câmara, Wilson Lima (PR).

Quando os deputados voltarem do recesso, em dois de agosto, é na nova sede da Câmara Legislativa que eles deveriam se reunir para votações pelo menos três dias na semana. O prédio tem 48 mil m², o dobro do antigo; galeria suspensa no plenário; auditório para 500 pessoas; e cada gabinete é do tamanho de um apartamento de três quartos, com área de 90m². O luxo tem preço e a obra acabou custando quase três vezes o valor inicial, saindo por R$ 106 milhões.

Nem a nova estrutura anima os deputados a uma produção maior. No primeiro semestre, os distritais apreciaram 47 propostas, 41 delas foram enviadas pelo Executivo. Com a eleição, o ritmo deve ficar mais lento, já que eles decidiram votar os projetos em plenário somente às terças-feiras.

Eles prometem: se preciso, marcam sessões para outros dias. O certo é que, enquanto o trabalho diminui e a cabeça fica voltada paras as urnas, eles continuam recebendo normalmente o salário, de R$ 12.400 mil, mais R$ 11 mil de verba indenizatória - dinheiro usado para por gasolina no carro e mandar correspondências, por exemplo.

A medida desagradou o eleitor. “A gente morre de trabalhar. Por que eles não tem que trabalhar também? A gente rala”, disse a doméstica Cristina Maria. “Se ele quer ser reeleito, ele tem que trabalhar, mostrar ao cidadão, ao eleitor que ele trabalha. E depois vem pedir voto? Não vai ter, né?”, afirmou o aposentado Ismair Pinheiro.

Crise Política no DF
A crise política no Distrito Federal teve início em novembro de 2009, quando a Polícia Federal deflagrou Operação Caixa de Pandora, que investiga o suposto esquema de propina no governo distrital. As denúncias levaram à prisão e afastamento do então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) por tentativa de suborno de uma testemunha do caso em fevereiro. Dias depois, o vice-governador Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM) renunciou ao cargo, assumindo interinamente o então presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima.

Durante a prisão, Arruda teve o mandato cassado pelo TRE-DF por infidelidade partidária, deixando vago o cargo. José Roberto arruda foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no dia 12 de abril, após dois meses preso.

No dia 17 de abril, em eleições indiretas, o ex-membro do governo Arruda Rogério Rosso foi eleito em pleito indireto com 13 votos dos 24 deputados distritais da Câmara Legislativa do DF.

Desde que indícios de corrupção foram revelados pela investigação da Polícia Federal, em novembro do ano passado, apenas a deputada Eurides Brito (PMDB) foi cassada pela Comissão de Ética da Casa. Ela ficou conhecida por aparecer em vídeos do escândalo guardando maços de dinheiro na bolsa.

Outros dois deputados que também foram flagrados em vídeos renunciaram ao mandato para fugir da cassação. São eles, Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM), que apareceu em vídeos guardando dinheiro nas meias, e Junior Brunelli (PSC), que foi gravado rezando pela suposta propina recebida no esquema.

Na semana passada, a Comissão de Ética da Câmara Legislativa abriu processos por quebra de decoro parlamentar contra cinco deputados citados pelas investigações do mensalão: Rogério Ulysses (sem partido, ex-DEM), Aylton Gomes (PR), Roney Nemer (PMDB), Benedito Domingos (PP) e Benício Tavares (PMDB).