Deputados estaduais escondem valor do salário que recebem por mês

Você trabalharia num emprego sem conhecer o valor do seu salário? Se responder que não, saberá agora que tem gente que nem se importa com quanto cai na conta no final do mês. Eles cumprem meio expediente por três dias da semana, andam com carros novos e cedidos e ainda contam com ao menos dez pessoas que trabalham por e para eles todos os dias.

Os donos desses confortáveis e rentáveis postos são os 24 deputados estaduais, remunerados com salários que variam de R$ 12 a R$ 15 mil, quantias presumidas, e que os parlamentares não gostam de revelar de jeito nenhum.

Por conta desse segredo, corre no Tribunal de Justiça uma ação que pede a relação dos ganhos dos parlamentares. A questão judicial está na mesa do desembargador Luiz Carlos Santini. Nesta quarta-feira havia rumor indicando que o magistrado havia determinado a quebra do sigilo imposto pelos deputados, mas ele negou e disse que ainda não definiu a causa.

A reportagem do Midiamax quis antecipar o que pode sustentar o desfecho judicial junto aos deputados, mas a ideia fracassou logo no primeiro diálogo, note.

O deputado Zé Teixeira, do DEM, disse que às vezes “tira dinheiro do bolso” para cumprir seu mandato. Mas ele deu uma pista indicando que não recebe nenhuma migalha mensal. “Sei que descontam R$ 10 mil de imposto renda”, afirmou dizendo que não sabe o valor exato.

Já o deputado Paulo Corrêa, deu essa explicação: “Não sei, dê uma olhada no informe de renda do TRE (Tribunal Reginal Eleitoral), está tudo declarado lá”, limitou-se, mas adiantou que “se a Justiça pedir a informação eles [deputados] concordam”.

Seguindo atrás dos deputados que saiam da sessão de hoje, as respostas ficavam cada vez mais confusas e imprecisas.

O deputado Antonio Carlos Arroyo, do PR, não revelou o salário, mas garantiu que se a “Mesa Diretora [direção da Assembleia, no caso ou a Justiça determinar”, eles cumprem a decisão de divulgar os salários que ganham.

O deputado Reinaldo Azambuja, presidente regional do PSDB, disse que seu salário bruto é de R$ 12,1 mil. Ele disse que concordaria em minunciar seus ganhos se isso fosse determinado por decisão judicial.

Na vez do deputado Paulo Duarte, do PT, ele disse que “não se lembrava”, mas acha que o “bruto” mensal dele gira em torno de R$ 15 mil.

O deputado Rinaldo Modesto, do PSDB, disse que não teria “problema algum” em revelar sua remuneração. Ele disse que recebe R$ 12,4 mil de salário mais R$ 25 mil, quantia referente ao que chamou de verba gabinete.

O parlamentar disse acreditar ainda que os ganhos dos deputados sul-mato-grossenses estejam abaixo do que determina a Constituição. Os R$ 25 mil recebidos pelos deputados seriam a cota repassada para os deputados quitaram os salários de seus assessores. Cada um dos 24 gabinetes dos parlamentares conta como ao menos dez assessores.

A Assembleia Legislativa não possui receita e vive de duodécimos repassados pelo Estado. Em maio do ano passado, o Poder Legislativo recebia algo em torno de R$ 14,4 milhões por mês, o equivalente a 3.5% da receita líquida estadual, e o presidente da Casa, Jerson Domingos, tentava convencer o governo a liberar mais R$ 400 mil mensais.

O peemedebista sustentava que os R$ 14,4 milhões mensais eram insuficientes para pagar os salários dos deputados, servidores e outros custos do Poder Legislativo.