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Sidrolandia

Dilma diz que trabalho compensará carisma menor que o de Lula

Ele é um, eu sou outra’, afirmou presidenciável do PT. Dilma rejeitou ainda pontos polêmicos do programa do partido.

G1

22 de Julho de 2010 - 09:52

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta quarta-feira (21), em entrevista à TV Brasil, que pretende compensar o “menor carisma” em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com “muito trabalho”. Dilma rejeitou ainda pontos polêmicos do primeiro programa entregue pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como a taxação de grandes fortunas e o controle social da mídia.

A petista abriu a série de entrevistas que a TV Brasil, emissora do governo federal, faz com os três candidatos que ocupam as primeiras posições nas pesquisas. A entrevista foi gravada no final da tarde, em Brasília, para ser exibida na noite desta quarta.

“Não tenho a menor pretensão de substituir o presidente. Ele é um, eu sou outra. Eu vou honrar o legado dele para mim. O legado dele é o que ele mais ama. O que ele me deu? A função de cuidar do povo do Brasil. Eu tenho certeza que, o menor carisma que eu tenho, vou me esforçar para compensar com muito trabalho”, afirmou Dilma

A petista afirmou que nenhum dos presidenciáveis tem a característica do “carisma” como Lula. “Nenhum dos sucessores do presidente Lula vai fazer face à característica do presidente, que é um homem especial. Não à toa, no meio de tantas lideranças internacionais, ele foi considerado pelo presidente dos Estados Unidos como 'o cara'.”

Na entrevista, Dilma rejeitou pontos considerados polêmicos no primeiro programa entregue por sua coligação ao TSE e que tinha como base o programa do PT. O texto já foi substituído e a aliança trabalha para fazer uma nova versão.

A candidata do PT disse ser contra o controle social dos meios de comunicação e a taxação sobre grandes fortunas. Sobre a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, ela afirmou que o assunto não cabe ao governo e deve surgir nas negociações entre patrões e empregados.

Dilma comentou ainda a questão tributária no Brasil. Para ela, a carga tributária brasileira está "na média" em uma comparação internacional. Na visão da petista é necessário reduzir a tributação sobre investimentos e sobre a folha salarial, mas sem reduzir muito a arrecadação para não prejudicar os estados e municípios.

Temas polêmicos

A candidata se posicionou ainda sobre temas polêmicos como a descriminalização de drogas consideradas menos pesadas. Dilma se manifestou contrária por entender que no Brasil existe uma interligação entre o tráfico de várias drogas.

“Não podemos falar em descriminalização no quadro em que uma droga não esta descolada de outra. O Brasil não tem condições, diante desta questão gravíssima que é o crack, de propor a descriminalização de qualquer droga”, afirmou a petista.

Ela disse ainda ser a favor da união civil de homossexuais e afirmou que o Judiciário já tem avançado reconhecendo essas uniões. A candidata afirmou que o aborto é uma questão de saúde pública, mas não se posicionou diretamente sobre a descriminalização.

Dossiê

Dilma foi questionada também sobre as acusações de que integrantes da sua campanha tentaram fazer um dossiê contra adversários. Ela foi questionada, inclusive, sobre o fato de que uma servidora da Receita Federal está sendo investigada, sob suspeita de ter acessado sem motivo os dados fiscais sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge.

Na resposta, Dilma pediu cautela e afirmou que a divulgação desses fatos beneficiam seu adversário, José Serra. "Estão sendo feitas acusações sem prova, vem se cometendo injúria e difamação sem prova. Isso só leva à criação de um ambiente de pouca seriedade. Tem que ter cautela e cuidado para fazer acusações que só tendem a beneficiar alguém dentro do processo eleitoral", afirmou.

Questionada sobre as declarações do vice de Serra, Indio da Costa (DEM), de que o PT teria relações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o narcotráfico, Dilma reclamou do "baixo nível" da campanha. "A única coisa que falo é que eu não esperava que a trajetória política do meu adversário chegasse a esse ponto", disse.

Ela criticou ainda Serra por tentar envolver no debate eleitoral temas como a Bolívia. O tucano já afirmou que o país vizinho é conivente com o tráfico de drogas. "O Brasil não pode em momento algum ver qualquer um de seus líderes na tentação de fazer campanha falando de outros países".