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Sidrolandia

Dilma encontra Ciro e diz que quer aliado a seu lado

A candidata também sinalizou que subirá nos em dois palanques no mesmo Estado sempre que a realidade assim exigir, inclusive no Ceará, Estado de Ciro.

Reuters

29 de Julho de 2010 - 16:45

O deputado Ciro Gomes cedeu aos apelos e decidiu vir ao encontro da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Apesar do encontro sinalizar os primeiros passos para uma recomposição, ele não fez declarações objetivas de apoio.

Já Dilma afirmou que deseja o aliado engajado em sua campanha. Ela fez inúmeras deferências a ele, a quem chamou de amigo, e disse desejar Ciro o seu lado. A candidata também sinalizou que subirá nos em dois palanques no mesmo Estado sempre que a realidade assim exigir, inclusive no Ceará, Estado de Ciro.

"O Ciro é uma das pessoas que eu gostaria muito de ter perto de mim...Eu tenho a impressão de que ele vai participar intensamente da campanha no Ceará, a minha e a do Cid", disse Dilma referindo-se ao irmão de Ciro, um dos articuladores do encontro e candidato à reeleição ao governo cearense.

"Eu tenho certeza de que sempre que eu precisar, vou poder contar com ele", acrescentou a candidata.

O almoço entre os dois nesta quinta-feira no QG da campanha petista faz parte de um esforço para reconstruir pontes e garantir a adesão do aliado nesta corrida presidencial. Ciro saiu do páreo por pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -de quem foi um fiel aliado durante o escândalo do mensalão em 2005- sobre seu partido, o PSB.

O apoio de Ciro, apontado sempre nos bastidores pela própria candidata como o vice de seus sonhos, é considerado importante para catalisar o desempenho da petista no Nordeste e em outras regiões onde é popular. Como foi candidato a presidente em 1998 e 2002, possui recall expressivo junto a uma fatia de eleitores também em outras regiões.

Questionada sobre a participação dele na campanha, ela respondeu: "ele tem absoluta liberdade para fazer o que quiser. Se ele quiser participar da minha campanha ativamente, ele vai participar da forma como ele quiser."

Ciro deixou o encontro com um discurso muito cauteloso. Evitou responder se gravaria um depoimento de apoio a Dilma para o programa de TV e disse ser amigo da ex-ministra. Sobre se realmente se engajaria pela aliada nesta campanha, foi evasivo.

"Eu, naquele momento, declarei quer acataria e seguiria o meu partido. Quanto ao entusiasmo, nível de engajamento, na medida em que minhas preocupações com o futuro do país vão se revelando, eu vou incrementando meu entusiasmo", disse ele a jornalistas ao deixar o encontro.

"Eu já deixei por escrito que fiquei bastante triste com a posição que meu partido tomou. Considero ainda que meu partido não tomou uma posição correta, acho que foi uma posição errada. A democracia brasileira perdeu uma oportunidade de ampliar o debate, a discussão... Mas deve prevalecer a vontade da maioria, e meu partido tomou decisão", acrescentou.

Ciro foi descartado da disputa pelo próprio partido, o PSB, que decidiu por ingressar na coligação nacional ao lado do PT e PMDB, legenda a qual o parlamentar é um critico contumaz e que tem o vice na chapa de Dilma, o deputado Michel Temer.

A desistência trouxe fissuras na relação dele com Dilma e com o próprio presidente Lula. A aliança deu lugar a críticas duras, a ponto de Ciro ter dito que o candidato do PSDB, José Serra, era o nome mais preparado para o comando do país -mesmo os dois sendo desafetos políticos.

Os articuladores desse ensaio de reconciliação foram Cid Gomes e o governador Eduardo Campos (PE), também candidato à reeleição em seu Estado. Ambos querem Lula em seus palanques.

Com o gesto, fica mais fácil o engajamento de Lula na campanha de Cid, disse uma fonte ligada à candidata.

Uma fonte do Ceará afirmou que Ciro trabalhará por Dilma no Estado, mas que sua participação na campanha nacional ainda não está definida.