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Sidrolandia

Discurso de Valter pode ser “instrumento” para cassar candidatura de Puccinelli

O discurso proferido pelo senador Valter Pereira, na tarde da quarta-feira passada no Senado, poderá ser usado como “instrumento” para o pedido da cassação da candidatura do governador Puccinelli

Midiamax

02 de Junho de 2010 - 07:37

 As palavras de Valter Pereira deixaram claro que Puccinelli usou a máquina do Governo do Estado nas prévias do PMDB para a escolha do candidato do partido ao Senado.

Pereira, ao ser preterido pelos peemedebistas, ficou magoado e em seu discurso, transmitido ao vivo pela TV Senado, deixou pistas e motivos mais que suficientes para que qualquer pessoa entre com uma ação na Justiça pedindo uma investigação judicial eleitoral. Pelo menos é isso o que pensa o advogado Valeriano Fontoura, especialista em direito eleitoral.

Segundo o advogado, caso uma investigação seja feita e se confirme o uso da máquina nas prévias do PMDB o pedido da cassação da candidatura de Puccinelli à reeleição poderá ser feito assim que ela for registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

Valeriano afirmou que está analisando mionuciosamente o discurso feito por Valter Pereira e caso encontre fundamento legal, a pedido do seu cliente o Partido dos Trabalhadores, entrará com uma ação solicitando uma investigação judicial.

No pronunciamento, Valter Pereira confirmou seu rompimento com o governador e colocou-se numa posição de independência com relação a quem vai apoiar para o Governo do Estado.

Pereira começou o seu discurso afirmando que estava fazendo “uma opção pela dignidade” de uma história que ajudou a escrever em quatro décadas de militância no PMDB.

Pereira queria ser o candidato do PMDB ao Senado, mas como Puccinelli preferia a candidatura do deputado federal Waldemir Moka, as prévias foram inevitáveis. Valter disse no discurso que o único compromisso que exigiu do governador foi que a máquina pública não fosse usada para influir no resultado das prévias.

Pereira denunciou que ao contrário do que havia pedido a Puccinelli a máquina foi usada. “Foi um tratoraço descomunal, um jogo tão pesado que em menos de seis semanas o jogo mudou”, reclamou o parlamentar.

Na opinião de Valter Pereira, “a interferência do governador foi um desrespeito com quem nunca faltou com o partido. Até por gratidão, o governador teria que manter-se com isenção acima da disputa e acima da suspeita. Se ele encontrasse a porta do PMDB fechada, o seu projeto político teria sido inviabilizado. Por tudo isso, o governador não poderia jogar a máquina contra mim. Era a mínima conduta ética que deveria ter”.

O senador prosseguiu seu discurso dizendo: “é bem verdade que hoje há generosas promessas. Mas não posso aceitar por dois motivos. Por entender que a oferenda não paga a quem acumulou 44 anos de partidarismo. E o mandato político é do interesse público. O mandato é transitório, já a dignidade é permanente”.

Parafraseando o compositor Paulinho da Viola, o senador disse: “tenho pena daqueles, que se agacham até o chão, enganando a si mesmos com dinheiro, posição. Eu nunca tomei parte, desse enorme batalhão, pois sei que além de flores nada mais vai no caixão”.

Se houve uso da “máquina” na escola do candidato ao Senado nas prévias, numa interpretação simples, abre-se a perspectiva de que Puccinelli poderá ser responsabilizado por esta atitude. Basta apenas que uma representação seja feita no MPE (Ministério Público Estadual) para que o caso passe a ser investigado.

Durante a campanha para as prévias os “capas-pretas” do PMDB de Mato Grosso do Sul apostaram todas as fichas em Moka, deixando Valter Pereira à deriva em sua pretensão de ser o candidato do partido ao senado.

Em sete de março deste ano, dia das prévias, apuradas todas as urnas Moka foi indicado candidato ao Senado com 69,7% dos votos, contra apenas 30,02% dados a Pereira. No dia da eleição Valter Pereira denunciou que seu adversário estaria comprando votos.

A denúncia não prosperou. Somente agora que Pereira resolveu abrir dissidência e falar no Senado que Puccinelli usou a máquina do Governo para eleger Moka no que ele chamou de “tratoraço descomunal”.