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Sidrolandia

Dólar baixo, economia forte e empréstimos movem vendas de iates

São Paulo Boat Show começa nesta quinta-feira com pouco mais de 100 expositores; mercado deve chegar a US$ 560 milhões em 2010

IG

14 de Outubro de 2010 - 08:13

O clima é de empolgação entre os pouco mais de 100 expositores que acertam os últimos detalhes da São Paulo Boat Show, uma das maiores feiras da América Latina, que começa nesta quinta-feira e vai até o dia 19 na capital paulista. “Esperamos vender 10 unidades até o final do ano, o que representa uma receita de R$ 30 milhões, e dobrar este número no ano que vem”, disse Ubirajara Guimarães, sócio do estaleiro inglês Fairline, que fará sua estreia no Brasil. O motivo para tanto otimismo? O crescimento das vendas de barcos no País. Com a desvalorização do dólar, o crescimento da economia brasileira e a maior disponibilidade de crédito, o mercado deve atingir US$ 560 milhões até o final do ano – aumento de 10% em relação ao ano passado.

O bom momento do mercado brasileiro de barcos é explicado por uma combinação de fatores. A crise econômica mundial diminuiu a demanda pelo produto nos países desenvolvidos. Pior: vários pedidos foram cancelados por gente que perdeu tudo com o derretimento de algumas instituições. Com a falta de compradores, os estaleiros passaram a dar mais atenção os países que saíram rapidamente da crise, em especial os emergentes, como o Brasil. Combine o cenário negativo lá fora com a valorização do real frente ao dólar, que facilitou a produção local (grande parte dos insumos são trazidos de fora do País) e a importação de barcos novos. E acrescente o crescimento da economia brasileira, que aumentou o número de compradores em potencial. “O mercado brasileiro cresce no ritmo brasileiro”, disse Ernani Paciornik, idealizador e presidente da São Paulo Boat Show. De 2006 para cá, o mercado de barcos cresceu 20%.

Outro fator que ajuda a explicar o aumento no número de barcos nas praias brasileiras é a facilidade no pagamento. Para ajudar os profissionais liberais ou pequenos e médios empresários que querem comprar seu primeiro barco, a Aymoré Financeira, parte do grupo Santander, oferece uma linha especial de financiamento para os participantes da feira. Os compradores poderão pagar seus novos brinquedos em até 60 vezes. Os preços dos modelos que serão comercializados na São Paulo Boat Show variam de R$ 60 mil, o equivalente a um carro médio, a US$ 20,75 milhões. Estima-se que sejam vendidos o equivalente a R$ 200 milhões durante os cinco dias de evento.

Apesar de contar com mais de 7,3 mil quilômetros de praias, uma das maiores e mais bonitas faixas litorâneas do mundo, o Brasil nunca teve muita tradição no mercado mundial de barcos. Estima-se que a frota total (que inclui desde grandes iates, passando por barcos, lanchas, botes infláveis e chegando até a caiaques) seja de 650 mil unidades. Para efeito de comparação, os Estados Unidos, considerado o maior mercado do mundo, comercializam cerca de um milhão de unidades de iates ao ano. O baixo volume de negócios nunca despertou o interesse de alguns estaleiros. Isso está mudando. O número de estaleiros no Brasil mais do que dobrou nos últimos anos. Com a chegada de marcas como a Fairline, já são 11 os fabricantes de barcos de grande porte no País.

O crescimento do mercado de barcos

Com a ajuda do dólar baixo, do bom momento da economia e do aumento de crédito, o setor vive um bom momento. Confira a evolução das vendas, em milhões de dólares

Brinquedo caro

Além de receber novos estaleiros, alguns que já estavam instalados no País estão se preparando para expandir suas produções para atender a nova demanda. A italiana Ferretti é uma dessas empresas. Ela anunciou que vai transferir a fábrica de Barueri para Jandira, ambas na região metropolitana de São Paulo. O objetivo da mudança de endereço? A produção vai pular de 30 para 120 unidades ao ano. Outra marca italiana, a Azimut, começou em agosto as atividades para a instalação de um novo estaleiro em Itajaí, em Santa Catarina. Quando estiver pronto, terá capacidade para montar até 100 barcos ao ano. Estima-se que a Azimut vai investir R$ 180 milhões no estaleiro nos próximos cinco anos.

Quem quiser comprar um barco pela primeira vez não pode esquecer de alguns fatores na hora de fazer as contas na ponta do lápis. Um super-iate com 120 metros pode custar até US$ 10 milhões ao ano em manutenção. “Em média as pessoas gastam 5% do valor do barco ao ano”, afirmou Paciornik. Os custos incluem desde revisões, feitas a cada 100 horas de uso, até uma vaga na marina mais próxima. Para deixar o barco parado, o proprietário vai gastar cerca de R$ 35 por cada pé do barco – ou R$ 1,4 mil por mês para um iate de 40 pés. A partir deste tamanho, o dono terá de se preocupar também com um marinheiro. O piso da categoria é de R$ 1,2 mil.