Sidrolandia
Feijão e arroz devem ficar ainda mais caros nos próximos meses
No momento, a preocupação maior na ponta final é com relação ao arroz
Agrolink
14 de Abril de 2010 - 15:39
O feijão com arroz que o consumidor leva hoje ao prato deve ficar ainda mais caro. Nos próximos meses, a expectativa de melhores cotações no campo promete elevar ao consumidor o valor dos dois grãos que estão na base da alimentação dos brasileiros.
No momento, a preocupação maior na ponta final é com relação ao arroz. A queda de 13,8% no preço pago ao agricultor entre janeiro e março deste ano não chegou a ser repassada ao comprador, que nesse mesmo período viu o valor do produto aumentar 5,4%.
Por isso, também deve subir mais o custo para colocar o produto na panela. De março de 2009 até o mês passado, a elevação de preços na ponta final foi de 6,45%.
Segundo o coordenador do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) no Estado, Márcio Mendes da Silva, há explicação para a disparidade no movimento de alta e de baixa para o agricultor e para os consumidores. São os estoques de produto que ajudam a determinar o preço nas prateleiras.
Se o estoque for grande, mesmo que para o produtor o preço esteja em elevação, é preciso vender mais, por isso o preço cai para o consumidor explica Mendes da Silva.
Conforme Marco Aurélio Tavares, assessor de mercado do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), a oscilação das cotações precisa ser muito intensa para afetar o bolso dos consumidores.
O mercado suportaria elevações de preços acima de R$ 30 para o produtor sem necessidade de repassar reajuste ao consumidor afirma Tavares.
No caso do feijão, o quadro é um pouco diferente. Ainda que com uma pequena alta, de 0,5% entre janeiro e março de 2010, o valor do produto nos supermercados está 34,59% abaixo do registrado em março de 2009.
A recuperação da lavoura, com um grão de melhor qualidade, aliada a uma redução na oferta da safrinha (segunda safra), traz a estimativa de uma valorização do produto daqui para frente. Para o agricultor e para o consumidor. O valor de comercialização do feijão no Sudeste do país também deve influenciar os preços no Sul.
Esse movimento de lá deve forçar os preços aqui. É uma referência, já que a tendência é de o mercado manter equilíbrio de preços afirma Elcio Bento, analista da Safras & Mercado.
Para o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados , Antônio Cesa Longo, entretanto, não há perspectiva de alta para os preços do arroz e do feijão, que tendem a permanecer estáveis.
Recuperação à vista
O excesso de chuva no Estado foi o vilão enfrentado pelos dois plantios. Para o feijão, a primeira safra do ano trouxe um produto de baixa qualidade.
Para o arroz, as águas levaram boa parte do que foi semeado. A estimativa do Instituto Rio Grandense do Arroz é de redução de um milhão de toneladas no Estado.
O arrozeiro Guilherme Scheffel, de Cachoeira do Sul, foi um dos que replantou a safra de arroz três vezes este ano. Dos 360 hectares plantados, pelo menos 170 já foram perdidos.
Em algumas áreas a produtividade deve cair para 2,5 mil quilos. Quando lembra a média de 7,5 mil quilos que colheu no ano passado, Scheffel desanima.
Nosso problema principal é a pouca quantidade de produto que teremos para comercializar. Ainda que o preço suba, vai faltar muito para cobrir as dívidas lamenta.
A estabilização do clima trouxe mais esperanças para os produtores de feijão. Tarcísio Ceretta, de Sobradinho, está apostando tudo nos preços da safrinha.
A primeira safra decepcionou, quando o produto de baixa qualidade despencou as médias para R$ 60 a saca de 60 quilos. Agora, nos 20 hectares semeados a expectativa é colher 2,1 mil quilos do grão. Além da produtividade, a qualidade do feijão foi favorecida, o que deve aquecer os preços.
Com esse produto nós esperamos receber entre R$ 80 e R$ 90 a saca afirma o produtor.
De acordo com a Safras & Mercado, a redução de oferta, aliada a boa qualidade do produto, deve favorecer a elevação dos preços.