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Sidrolandia

Frase de Dilma sobre exilados gera polêmica com adversários políticos

Estadão.com.br

13 de Abril de 2010 - 08:18

Como exemplo, Serra citou o ex-governador de Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, Leonel Brizola, fundador o PDT, partido da Dilma Rousseff antes dela ingressar no PT, que permaneceu no exílio por mais de uma década.

No sábado, em evento ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pré-candidata do PT disse que pode "apanhar", mas não "foge da luta". A frase foi interpretada como uma provocação a Serra, que viveu diversos anos no exílio durante a ditadura. "Eu não fujo da situação quando ela fica difícil. Eu posso apanhar, ser maltrada, como eu já fui, mas não fujo da luta. Em cada época da minha vida, eu fiz o que fiz porque acreditava naquilo. Eu mudei quando o Brasil mudou. Eu não fujo da luta. Nunca abandonei o barco", disse a ex-ministra na ocasião.

Nesta segunda-feira, 12, a pré-candidata do PT se retratou e disse, através de seu recém-inaugurado Twitter, que não pretendeu em momento algum criticar os exilados. "De onde tiraram que fugir da luta é se exilar? O exílio significou a diferença entre a vida e a morte para os exilados brasileiros", disse Dilma em um post. "Grandes amigos meus corajosos e valorosos só tiveram uma saída na ditadura, se exilar.Querer dizer que eu os critiquei só pode ser má fé", acrescentou a ex-ministra no post seguinte.

Mais tarde, a assessoria de imprensa da pré-candidata do PT negou, em nota (leia abaixo), que ela tenha feito referência, no discurso de sábado, a brasileiros que se exilaram no exterior durante a ditadura militar.

Oposição

A frase de Dilma também causou polêmica entre políticos de outros partidos. A pré-candidata do PV, Marina Silva, comentou a frase de Dilma e afirmou que "os exilados não são fugitivos". A senadora disse que as pessoas que deixaram o País durante o regime de exceção "agiram em legitima defesa" e "continuaram sua luta fora do Brasil". "Inclusive trouxeram novos ares, como Gabeira, na luta pelo meio ambiente", concluiu, citando o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ).

Por sua vez, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, divulgou nesta manhã uma nota de repúdio às declarações da candidata do PT. No texto, Freire compara a declaração de Dilma às do general Leônidas Pires Gonçalves, que chefiou o DOI-CODI durante o regime de exceção e se referia aos exilados como fugitivos.

"Essa distorção infame do general contra os brasileiros que lutavam contra o regime ditatorial de 1964 e que tiveram que se exilar não jamais poderia servir de mote para a insensatez de Dilma Roussef", disse Freire. Na nota, o PPS presta solidariedade aos exilados, "que eram milhares" e que " viveram dias amargos longe da pátria, sem poder voltar".

Veja, abaixo, a íntegra da nota divulgada na tarde desta segunda-feira pela assessoria de Dilma:

"NOTA À IMPRENSA

Dilma não foge da luta nem critica exilados

Ao discursar sábado, em encontro no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, a ex-ministra Dilma Rousseff, ao enumerar os princípios que norteiam sua conduta ética e política, disse, textualmente:

'Eu não fujo da situação quando ela fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Eu posso apanhar, sofrer, ser maltratada, como já fui, mas eu estou sempre firme com as minhas convicções. Em cada época da minha vida eu fiz o que fiz porque acreditei no que fazia. Fiz com o coração, com a minha alma e minha paixão. Eu só mudei quando o Brasil mudou, mas eu nunca fugi da luta ou me submeti. E, sobretudo, nunca abandonei o barco.'

É, portanto, totalmente equivocada a interpretação, difundida hoje por vários veículos de comunicação, de que ela tenha feito qualquer referência a brasileiros que tiveram que se exilar do País durante a ditadura militar.

Hoje pela manhã, Dilma mencionou o assunto em seu recém-criado twitter (@dilmabr): 'De onde tiraram que fugir da luta é se exilar? O exílio significou a diferença entre a vida e a morte para os exilados brasileiros. Grandes amigos meus, corajosos e valorosos, só tiveram uma saída na ditadura, se exilar. Querer dizer que eu os critiquei só pode ser má fé. Querer dizer que eu os critiquei só pode ser má fé.'"

Leia a seguir a íntegra da nota do PPS:

"Nota de desagravo

O PPS, herdeiro das mais dignas tradições do PCB, vem a público em defesa de todos os exilados brasileiros, obrigados a deixar o país durante a ditadura militar. Ao mesmo tempo, repudia as acusações feitas pela candidata do PT, Dilma Roussef, que os chamou a todos de fugitivos.

Ao tachá-los com tal adjetivo, Dilma nada mais fez do que se igualar ao general Leônidas Pires Gonçalves, que na ditadura, durante um bom período de tempo, ocupou o cargo de chefe do Estado Maior do Terceiro Exército, no Rio. Cabia a ele dirigir o DOI-CODI, o famigerado Destacamento de Operações e Informações do Centro de Defesa Interna.

Como a candidata do PT, o general Leônidas chamou de fugitivos aqueles que se exilaram. Ele disse isso durante entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto e exibido pela Globo News. Essa distorção infame do general contra os brasileiros que lutavam contra o regime ditatorial de 1964 e que tiveram que se exilar jamais poderia servir de mote para a insensatez de Dilma Roussef.

Não são poucos os desagravados. Entre eles podemos citar Leonel Brizola, Miguel Arraes, Luiz Carlos Prestes, Gregório Bezerra,Francisco Julião, Apolônio de Carvalho, Plínio de Arruda Sampaio, Almino Afonso, Gilberto Gil, Caetano, Fernando Henrique Cardoso, Betinho, José Serra a quase totalidade dos membros do Comitê Central do PCB na década de 70 que conseguiram salvar suas vidas ao partir para o exílio. Citamos alguns; são milhares!

Não bastou a declaração do Presidente Lula ao comparar o preso político Orlando Zapata Tamoyo, que morreu numa greve de fome em Cuba, com bandidos das nossas cadeias. Logo vem outra sandice, desta vez para macular a luta dos brasileiros exilados.

Nossa solidariedade com todos os que se exilaram e viveram dias amargos longe da pátria, sem poder voltar.

Principalmente com os que já se foram. Honra aos exilados brasileiros que fazem parte da nossa história de luta pelos direitos humanos e pela Liberdade.

Roberto Freire - Presidente Nacional do PPS

Brasília, 12 de abril de 2010."