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Sidrolandia

Hegemonia tucana por mais 4 anos desafia PT e PMDB em Minas

O resultado da disputa eleitoral em Minas Gerais reafirmou um cenário que já dura oito anos ininterruptos no Estado: a hegemonia tucana no comando do governo.

10 de Outubro de 2010 - 18:54

A vitória de Antonio Anastasia (PSDB) dará ao partido, no mínimo, 12 anos de controle do Palácio da Liberdade. Foram oito anos de governo Aécio Neves e agora, mais quatro do governador eleito. A soma tira o sono dos partidos que fazem oposição no Estado, como PT e PMDB, cuja aliança, que tinha Hélio Costa como candidato, perdeu no primeiro turno por diferença de 28% dos votos.

Enfraquecidas, as duas legendas - que comandam a base de apoio do governo Lula em Minas - e seus aliados PCdoB e PRB terão que buscar um entendimento para se fortalecer se pretenderem vôos mais altos já na eleição municipal de 2012. Após um processo de desgaste e da derrota, o discurso, por ora, é de cautela, mas de reafirmação do entrosamento. O presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, garante que a parceria PT-PMDB não tem mais volta. "Já tem duas eleições que os dois partidos disputam juntos no Estado. É um percurso natural (continuarem aliados)".

Mesmo com as atenções voltadas para o segundo turno presidencial, as lideranças regionais entendem que terão que se armar desde já para não serem ainda mais sufocadas pela hegemonia tucana. A preocupação central é com o poder de fogo de Aécio Neves, responsável direto pela eleição, numa só tacada, de Anastasia, da sua própria para o Senado e a do ex-presidente Itamar Franco (PPS), também eleito senador.

Homem de confiança do senador Hélio Costa, o presidente estadual do PMDB, deputado Antonio Andrade, tenta escapar do tema 2012. "Não quero pensar à frente. Só quero saber de trabalhar para eleger a Dilma (Rousseff)", desconversa, em referência à campanha da presidenciável petista.

Depois de muita resistência e de dizer que "não queria pensar no futuro", Andrade admite que houve falhas na condução da eleição estadual em Minas. Mas rateia as "culpas" entre seu PMDB e o PT. "Não culpo o PT pela derrota do Hélio Costa. Houve falha dos dois lados". Para o dirigente, a "tendência" é de que as duas siglas caminhem juntas no próximo ano.

Nova oposição branda?
Apesar da derrota no campo majoritário, a bancada de oposição ao governo Anastasia na Assembleia ganhou corpo. Em 2011, juntos, o bloco formado por PT, PMDB, PCdoB e o nanico PRB terão 23 dos 77 deputados estaduais, cinco a mais que na legislatura anterior. Apesar disso, o barulho que as agremiações farão ainda é uma incógnita, haja vista a timidez da oposição que marcou a Casa na era Aécio.

O próprio presidente estadual petista Reginaldo Lopes defende que se avalie a forma de gestão de Anastasia antes de se optar pela oposição radical. "Os deputados terão que ver como o governo vai se comportar. Os resultado das urnas nos coloca na oposição, mas tudo vai depender da postura do Anastasia".

Apesar do discurso cauteloso, a presença de um governador de perfil técnico, em lugar da força política representada por Aécio Neves, pode mudar um pouco a relação de forças na Assembleia. Reeleito para o quinto mandato, o deputado estadual Durval Ângelo (PT) admite que é "mais difícil se opor a uma figura carismática (como Aécio) que a um governo de perfil técnico".

Independente do combate ao governo, Durval também defende que o caminho para PMDB e PT se fortalecerem é estarem unidos em 2011. No entanto, ele faz suas ressalvas: "a identidade do PT com o PCdoB é automática. Já com o PMDB, não temos tantas afinidades ideológicas". Mesmo com essa posição, ele ressalva que, no caso de uma vitória de Dilma Rousseff na disputa ao Planalto, esta união será ainda mais urgente.

Para isso, as lideranças terão que aparar as arestas que restaram de uma derrota, na qual houve tensionamento. Nos bastidores, o PT nunca deixou de expor as mágoas de ter cedido a cabeça de chapa a Hélio Costa. O PMDB, por sua vez, passou muito tempo da campanha emburrado, reclamando da falta de empenho dos petistas em torno do candidato. As juras de afinidade e entrosamento terão de se confrontar com essa realidade.