Sidrolandia
Marisa critica omissão de Lula no escândalo do mensalão
A revelação encontra-se em ofício enviado pelo presidente ao STF (Supremo Tribunal Federal), que investiga o escândalo
De Brasília
14 de Abril de 2010 - 07:17
Apesar de ter ignorado inicialmente a existência do mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem ter sido alertado durante reunião com o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ) sobre o pagamento de propina a parlamentares da base aliada do Congresso para votar projetos de interesse do governo, ainda em 2005.
A revelação encontra-se em ofício enviado pelo presidente ao STF (Supremo Tribunal Federal), que investiga o escândalo. No documento, segundo o Correio Braziliense de ontem, Lula limita-se a fazer um relato da reunião com Jefferson, presenciada também pelos ex-ministros Aldo Rebelo e Walfrido dos Mares Guia.
A declaração, no entanto, se contradiz com as insistentes e constantes negativas do presidente sobre seu conhecimento a respeito do esquema de pagamento de mesada a parlamentares. Por diversas vezes durante esses anos, Lula insistiu que só soube dos episódios pela imprensa.
A vice-presidente nacional do PSDB, senadora Marisa Serrano (MS), acredita que o documento encaminhado ao Supremo só comprova o descaso do governo federal com a verdade, prática comum nos últimos sete anos. "É uma incoerência. Ele (Lula) diz uma coisa, muito tempo depois desmente. Ele pensa que pode tudo por causa da sua popularidade", avalia.
Na avaliação de Serrano, ao mesmo tempo em que abençoa mensaleiros, o governo procura intimidar a oposição. Durante as eleições de 2006, por exemplo, petistas tentaram comprar um falso dossiê contra tucanos. A Política Federal desmantelou a transação À época, Hamilton Lacerda foi flagrado entregando uma mala com R$ 1,7 milhão para emissários do PT adquirirem o documento. O esquema ficou conhecido como o escândalo dos "aloprados".
Para rebater à tentativa de calar a oposição, a senadora recorda o discurso do pré-candidato tucano à Presidência, José Serra: "As mentiras que falarem contra a oposição, nós vamos responder com a verdade sobre o PT".
Mas a prática de intimidação não cessou. O alvo da vez é o senador Marconi Perillo (GO). Após dizer que alertou o presidente sobre o mensalão, ele tornou-se desafeto declarado da Presidência. A conseqüência: acaba de aparecer um forjado dossiê contra o tucano.
Para o senador Alvaro Dias (PR), a impunidade, como ocorreu no caso dos "aloprados", só faz com que apareçam novos escândalos e a prática de falsos dossiês se repita. De acordo com ele, se os aloprados estivessem na cadeia, "certamente os responsáveis pelo documento contra Marconi não teriam sido encorajados a agir".
Por coincidência, o documento com supostas contas do ex-governador goiano no exterior circulava pelos gabinetes de Brasília antes mesmo do início da investigação oficial. Adversário político do senador, o deputado Sandro Mabel (GO) disse ter falado sobre o tema com Gilberto Carvalho, uma vez que "o presidente tem um desgaste com o Marconi".