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Sidrolandia

Merkel sofre humilhação política

E ainda assim não conseguiu obter os votos dos 644 eleitores da coalizão formada pelos democratas-cristãos (CDU/CSU) e pelos liberais (FDP).

Correio Braziliense

01 de Julho de 2010 - 09:15

Foi uma vitória suada, com sabor de vexame para a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel. O candidato de Merkel, o conservador Christian Wulff, 51 anos, precisou esperar três rodadas de votações na Assembleia Federal para ser confirmado como o presidente mais jovem do país. E ainda assim não conseguiu obter os votos dos 644 eleitores da coalizão formada pelos democratas-cristãos (CDU/CSU) e pelos liberais (FDP). No terceiro turno, Wulff — governador da Baixa Saxônia — conquistou 625 votos, apenas dois a mais dos necessários para a maioria absoluta. Foi beneficiado pelas desistências de Luc Jochimsen, a representante da extrema-esquerda, e de Frank Rennicke, da extrema-direita. “Wulff é alguém que solucionará situações difíceis para nosso país”, declarou a premiê, ao tentar disfarçar o fiasco. “Alegrou-se de todo o coração (sua eleição)”, acrescentou. Ela garantiu que seu candidato foi respaldado por “uma clara maioria absoluta”.

Fragmentação
“As deserções dentro do próprio partido de Merkel — 44 na primeira rodada de votações e 29 na segunda — são um indicativo do profundo descontentamento com sua liderança”, admitiu ao Correio, por e-mail, a dinamarquesa Jytte Klausen, professora do Centro para Estudos Europeus da Universidade de Harvard e da Universidade Brandeis (em Boston). “Um voto como esse representa um desejo generalizado da aliança democrata-cristã, de Merkel, de enviar uma mensagem. O anonimato do processo de votação forneceu uma abertura para uma rebelião”, alertou a especialista.

Para Klausen, a coalizão está cambaleante por causa da insatisfação com a economia e do ressentimento contra a União Europeia. “Eu suspeito que um problema imediato ocorrerá nas eleições nas 16 Länder (Estados). Se os Estados começarem a virar rumo ao Partido Social-Democrata (SPD, pela sigla em alemão), Merkel vai enfrentar um desafio de liderança durante a convenção do partido, no fim do ano”, disse. A popularidade de Merkel tem minado desde a crise na zona do euro e por seus planos de cortar gastos do governo em mais de 80 bilhões de euros (cerca de US$ 100 bilhões) até 2014.