Sidrolandia
ONU aprova investigação internacional sobre ataque de Israel
Redação de noticia
02 de Junho de 2010 - 11:00
O Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) adotou nesta quarta-feira uma resolução exigindo uma "missão de investigação internacional" sobre o ataque militar israelense contra uma frota de apoio aos palestinos que viajava para Gaza que deixou nove mortos e dezenas de feridos.
A resolução estipulando "o envio de uma missão internacional para investigar violações das leis internacionais" foi aprovada por 32 dos 47 membros do Conselho, enquanto três países se pronunciaram contra, entre eles os Estados Unidos. A França e o Reino Unido se abstiveram.
Uma sessão extraordinária do Conselho sobre o ataque israelense foi convocada na terça-feira por iniciativa do representante palestino, do Sudão e do Paquistão, em nome da Liga Árabe e da Organização da Conferência Islâmica (OCI).
Deportação
Mais cedo, o governo israelense afirmou que todos os ativistas que ainda estavam detidos em prisões de Israel foram encaminhados para deportação. A declaração foi feita pelo porta-voz da administração penitenciária israelense, Yaron Zamir, citado pela agência France Presse.
"Mais nenhum detido está atualmente na prisão", declarou Zamir. Os ativistas são agora encaminhados para deixarem Israel e retornarem a seus países de origem.
O porta-voz dos serviços de imigração também informou que 404 passageiros da frota se encontram no Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, e outros 102 estão a caminho do aeroporto para serem repatriados.
Cerca de 123 outros militantes expulsos por Israel foram transferidos para a Jordânia através do posto de fronteira do ponto Allenby, ainda nesta quarta-feira, muitos relatando abusos sofridos durante os dois dias que passaram detidos em Israel.
Abusos
Ao chegar à Jordânia, os ativistas relataram que durante os dois dias em que estiveram detidos em prisões israelenses não receberam água nem comida, foram impedidos de dormir e não puderam ter acesso a banheiros.
"Os israelenses exageraram e humilharam a todos nós -- mulheres, homens e crianças", disse o parlamentar kuaitiano Walid al Tabtabai, que estava a bordo de um dos navios com ativistas de países muçulmanos.
Burhan Ozbilici/AP | ||
Manifestantes protestam em frente à casa do embaixador de Israel em Ancara, na Turquia. |
"Eles foram brutais e arrogantes, mas nossa mensagem de que o bloqueio a Gaza é injusto e deveria ser levantado imediatamente chegou aos quatro cantos do mundo", acrescentou.
De acordo com o parlamentar "não havia uma única arma com os passageiros a bordo dos navios" da frota humanitária.
O parlamentar kuaitiano faz parte de um grupo de 123 pessoas oriundas de 13 países que chegaram hoje à Jordânia, de ônibus, após deportação da prisão em Israel.
A agência oficial jordaniana Petra informou a deportação de 126 pessoas que já haviam chegado na Jordânia.
Os ativistas teriam cruzaram a fronteira pela ponte Allenby. Além de jordanianos, o grupo inclui cidadãos do Bahrein, Kuwait, Marrocos, Síria, Argélia, Omã, Iênem e Mauritânia, assim como da Indonésia, Paquistão, Malásia e Azerbaijão.
Da Jordânia, os ativistas devem partir de volta para seus países de origem.
O governo de Israel confirmou ainda a liberação de 50 turcos que aguardam serem transportados por voos especiais enviados pela Turquia, no Aeroporto Internacional Ben Gurion, de Tel Aviv. Outros turcos foram levados para este aeroporto da prisão de Beersheva, no sul de Israel.
Quarenta e oito ativistas permanecem hospitalizados. Israel também começou a repatriar as famílias do pessoal diplomático de Ancara.
Segundo a rádio oficial israelense cerca de 50 familiares do pessoal do consulado e embaixada de Israel na capital turca foram chamados de volta à Jerusalém, como medida de segurança após os protestos na Turquia.
Muitos dos ativistas relataram terem sido privados de água e comida, e afirmaram que não puderam ter acesso a banheiros e foram impedidos de dormir.
Israel afirmou que pretende liberar todos os detentos em até 48h.
Terrorismo de Estado
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, classificou nesta quarta-feira de "terrorismo de Estado" o violento ataque israelense à frota humanitária que se dirigia para Gaza, durante uma conferência em Belém (Cisjordânia).
"Nosso povo foi exposto ao terrorismo de Estado quando Israel atacou o comboio da liberdade. O mundo inteiro, com o povo palestino, enfrenta este terrorismo", declarou Abbas, aludindo ao ataque realizado na segunda-feira em águas internacionais por comandos israelenses, que mataram nove membros de uma missão que realizava ajuda humanitária.
Abbas falou durante uma conferência internacional sobre investimentos na Palestina, na qual fez um minuto de silêncio em memória dos ativistas mortos.
Abbas também disse que pedirá ao presidente dos EUA, Barack Obama, que tome "decisões corajosas para mudar a face do Oriente Médio".
"Minha mensagem a Obama durante nossa entrevista em Washington, na próxima semana, será que precisamos de decisões corajosas para mudar a face da região", enfatizou.
Protestos na Turquia
Na Turquia, os protestos seguem intensos após o ataque israelense à frota humanitária que se dirigia a Gaza, causando nove mortes e deixando de feridos e centenas de detidos, em sua maioria turcos.
Segundo a polícia turca, dois grupos de várias centenas de pessoas fazem guarda permanentemente em frente à residência do embaixador israelense em Ancara, Gaby Levi, e diante da embaixada.
Em declarações à imprensa esta manhã, o ministro de Interior turco, Besir Atalay, garante que não houve incidentes de destaque, à exceção do protagonizado por um pequeno grupo que lançou garrafas de plástico contra a embaixada na noite de terça.
Atalay afirmou que a Polícia controlou o grupo, e as forças de segurança garantem a segurança dos diplomatas israelenses e de suas famílias.
Em Istambul, a ONG IHH, uma das principais organizadoras da "Frota da Liberdade", disse que os manifestantes se reuniram na terça-feira às 21h locais (15h de Brasília) para protestar contra a ação israelense frente ao consulado do país hebraico.
Para esta quarta-feira foi convocado um protesto no turístico bairro de Sultanahmet, em Istambul, às 13h locais (7h em Brasília).
Neste protesto, a ONG muçulmana Mazlumder, que tem um diretor dado como "desaparecido" no ataque israelense, convocou os cidadãos turcos a se reunirem perante o Palácio de Justiça de Sultanahmet para fazer um pedido coletivo para que Israel seja julgado por "crimes contra a humanidade".
Atalay criticou os países árabes e exigiu que ajam na atual polêmica entre Turquia e Israel. Além disso, afirmou que a bandeira turca se tornou um símbolo da ajuda humanitária ao povo palestino.