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Sidrolandia

Oposição critica comportamento de Lula

Mas secretário do PT diz que declarações do presidente sobre incidente com Serra são secundárias

O Globo

22 de Outubro de 2010 - 17:25

Integrantes da campanha de José Serra (PSDB) criticaram a radicalização do comportamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Parlamentares do DEM e do PSDB afirmaram que Lula já vinha aumentando os ataques à oposição, mas que, ainda assim, ficaram surpresos com o tom adotado na quinta-feira, quando o presidente acusou Serra de ter protagonizado uma "mentira descarada" ao reclamar que fora atingido na cabeça por um objeto durante caminhada no Rio, na quarta-feira.

" O que Lula disse é totalmente secundário. Independente da imagem, eu continuo achando que o Serra se fez de vítima, sim "

Em defesa de Lula, o secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), disse que Serra, além de iniciar uma campanha de ódio, se fez sim de vítima no episódio:

- O que o presidente Lula disse é totalmente secundário. Independente da imagem, eu continuo achando que o Serra se fez de vítima, sim. Ele podia ter ido para casa, mas para quê usar isso na campanha de TV? Para ganhar eleitoralmente em cima de um acidente fortuito?

Vargas disse ainda que acompanhou a caminhada da candidata petista Dilma Rousseff em Curitiba, na quinta-feira, quando alguém jogou, do alto de um prédio, bexigas cheias de água para tentar atingir a candidata .

- Do prédio jogaram um negócio em cima da gente. Se pega na Dilma, tinha machucado muito, mas não morremos por isso nem nos fizemos de vítima. A eleição, no final do primeiro turno, tomou um rumo que não deveria ter sido tomado quando a mulher do Serra, que passou por aquele problema do aborto, disse que Dilma matava criancinha. Eles que começaram essa onda de violência - disse Vargas.

( Leia também: Cena em que Serra é atingido por bolinha de papel é anterior ao arremesso de outro objeto mais pesado )

" Do prédio jogaram um negócio em cima da gente. Se pega na Dilma, tinha machucado muito, mas não morremos por isso nem nos fizemos de vítima "

O líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE), foi mais ponderado e declarou que não se deve estimular a agressão nesse momento, e não importa qual objeto é arremessado e sim a intenção.

- Pode ser uma bola de papel, pode ser uma cuspida, qualquer coisa, só não podemos concordar com isso. Preocupa-me que se faça qualquer exploração desse tipo, porque isso vai levar a um clima de campanha. Espero que haja maturidade de todo mundo para recomendar que no calor da disputa não pode partir para esse lado. E que isso não aconteça. Que não se faça disputa de pugilato com ninguém. É uma radicalização que não interessa a ninguém - disse Ferro.

Oposição diz que Lula está abandonando postura de chefe da República

Ainda em resposta às declarações de Lula, a oposição afirma que o presidente estaria abandonando a postura de magistrado, de chefe da República, e assumindo mais sua função de principal cabo eleitoral de Dilma. E ainda acusam Lula de estar utilizando a máquina em eventos para ajudar ainda mais a campanha governista. O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), disse que Lula, com esse comportamento, acaba incitando a violência.

- O que o Lula está fazendo chama a violência. Estamos diante de uma insanidade. É um desespero de quem está contando os dias porque vai embora. Ele está chamando, dizendo que se batam. É um Lula diferente do que elogiou o Fernando Henrique, dizendo que ele tinha sido um magistrado na eleição (de 2002) - disse Paulo Bornhausen, para quem esse "nervosismo" não combinaria com a vantagem de Dilma apontada por pesquisas como a do Ibope .

" O que o Lula está fazendo chama a violência. Estamos diante de uma insanidade "

Bornhausen disse que Lula já havia radicalizado no final do primeiro turno, quando foi à Santa Catarina e pediu que o DEM fosse exterminado no estado . O efeito foi o contrário: o candidato do DEM a governador, Raimundo Colombo, se elegeu no primeiro turno .

Na mesma linha, o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP) disse que o presidente Lula está tendo um comportamento "lamentável" nessa reta final da eleição.

- A postura que Lula usa é de presidente de sindicato e não de presidente da República. Parece não saber qual é a dimensão de um presidente. O presidente deveria ser o principal líder do país e deveria estar fazendo um apelo ao bom senso, ao equilíbrio. Mas ele é um instigador de conflitos - disse Madeira, lembrando a transição de 2002: - Fernando Henrique é republicano e fez uma passagem de poder exemplar.

O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), também lamentou o comportamento de Lula:

- Há uma campanha com objetivo muito claro, que é de uso da máquina pública para proveito eleitoral. É a privatização das ações de governo. Isso não existe. Essa (de atacar os adversários) é uma prática do PT, e estão sendo estimulados pelo presidente Lula.

O tucano comentou até a polêmica sobre qual objeto teria realmente atingido Serra.

- O que é arremessado (nessas horas) é tudo que se pode ter na hora. A intenção foi essa (de atacar) - disse João Almeida.

Secretário do PT diz que Rui Falcão é a vítima no caso do suposto dossiê

O secretário nacional de Comunicação do PT, André Vargas, falou também sobre a denúncia do jornalista Amaury Ribeiro, que envolveu o deputado Rui Falcão (PT-SP) no escândalo da quebra de sigilos dos familiares de Serra. Vargas disse que o petista é a vitima.

- Esse negócio respingou na nossa campanha e na do Serra também. Ficou ruim para os dois lados. De um lado, um ex-funcionário da nossa campanha, o Lanzeta, manteve relação com o Amaury, que por outro lado, estava a soldo do Aécio. O Rui Falcão não tem nada a ver com isso, é vitima da tentativa de trazer seu nome para a baila - disse André Vargas.