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Sidrolandia

Pesquisadores identificam estrutura envolvida na infecção do HIV

Os pesquisadores utilizaram uma nova técnica de raio-X para criar a imagem da estrutura da molécula CXCR4

BBC Brasil

11 de Outubro de 2010 - 07:34

Cientistas americanos identificaram a estrutura de uma importante molécula envolvida na infecção do HIV e em muitas formas de câncer. Os pesquisadores utilizaram uma nova técnica de raio-X para criar a imagem da estrutura da molécula CXCR4.

Segundo os cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps, em La Jolla, Califórnia, o avanço oferece informação sobre as funções do composto e poderia conduzir a tratamentos potenciais para bloquear o HIV e deter a propagação do câncer, afirma o estudo publicado na revista Science.

A CXCR4 é parte de uma grande família de proteínas chamadas receptores acoplados a proteínas G (GPCR, na sigla em inglês).

Essas moléculas cruzam a membrana das células e transmitem sinais do ambiente exterior ao interior das células. As GPCR ajudam a controlar praticamente todos os processos corporais, incluindo o crescimento celular, a secreção hormonal e a percepção da luz.

E quase todos os remédios que estão disponíveis no mercado têm como objetivo combater estes receptores.

A CXCR4, por seu lado, ajuda a ativar o sistema imunológico e estimular o movimento celular.

Mas quando os sinais que ativam o receptor não estão regulados adequadamente, a CXCR4 pode incitar o crescimento e a propagação do câncer. Até agora, a molécula foi relacionada a mais de 20 tipos dessa doença.

Para obter uma imagem tridimensional desta importante molécula, os cientistas utilizaram um método chamado cristalografia de raio-X. O composto poderia ser desenvolvido em um medicamento que bloqueie o HIV.

Ao final, tomou cerca de três anos para chegar às condições necessárias para gerar uma imagem clara da estrutura da CXCR4. Os pesquisadores conseguiram gerar cinco estruturas distintas da molécula.

As estruturas mostraram que as CXCR4 se formam em pares estreitamente unidos, o que confirmou a informação de outros experimentos.

O professor Raymond Stevens, que dirigiu a pesquisa, afirma que "estas estruturas abrem toda uma gama de novas áreas para o entendimento dos princípios fundamentais dos sinais das quimiocinas GPCR".

As imagens também mostraram que as moléculas CXCR4 têm a forma de "duas taças de vinho que se chocam durante um brinde".

Segundo os cientistas, as imagens revelam como desenhar compostos que regulem a atividade da CXCR4 para bloquear a entrada do HIV nas células.

"A maioria das pessoas com HIV começa com um vírus que usa um receptor chamado CCR5. Com o tempo, a população de vírus poderia mudar e utilizar a CXCR4, por razões que ainda não estão claras para nós."

"Várias companhias já estão desenvolvendo fármacos que bloqueiam o receptor CCR5", acrescenta Stevens. "Uma combinação de fármacos que bloqueiem tanto a CCR5 quanto a CXCR4 poderia ter muito sucesso como tratamento para o HIV, mas precisamos de mais informações sobre as consequências de um bloqueio a essa molécula, porque seu receptor também está envolvido em algumas das funções normais do sistema imunológico", explica o especialista.