Sidrolandia
Professora cega terá que retirar ação contra prefeitura para ser empossada
Hoje terminaria a espera da professora Telma Nantes, que desde janeiro deste ano luta pelo lugar conquistado, a partir de um concusro público da prefeitura de Campo Grande.
Redação de noticia
21 de Maio de 2010 - 10:22
Ela passou em primeiro lugar na prova, mas foi reprovada na avaliação médica para assumir o cargo de professora. Entrou na justiça e seria empossada nesta tarde.
Mas no início da tarde a professora foi buscar respostas da prefeitura. Eu fui até a central de concursos com todos os meus documentos em ordem e me falaram que havia uma pendência na procuradoria e eu vim aqui pra saber o que tinha acontecido, afirma Telma.
Segundo o Procurador Geral do Município Ernesto Borges, foi feito um acordo entre prefeitura e a professora Telma. Para tomar posse, primeiro ela teria de retirar a ação contra o município. A professora pede R$ 120 mil de indenização por danos morais e mais 20% dos valores gastos com advogado.
A professora afirma que não quer desistir do processo e mais uma vez se sentiu humilhada. É inadmissível uma profissional com 20 anos de trabalho, acontecer isso, diz Telma.
A funcionária pública e professora de inglês, Sônia Marques Velasco - também cega, chegou a lecionar na rede municipal de ensino. Por sete anos, ela teve ajuda de uma auxiliar na sala de aula, mas a pedido da secretaria de educação do município, deixou a função. Hoje ela é revisora de textos em braile. Está na função administrativa na secretaria.
Para a funcionária pública, Campo Grande não está preparada para admitir deficientes na educação. Falta mais conhecimento por parte das autoridades pra deixar o trabalho que podemos desenvolver, explica Sônia.
Esta defensora pública explica que os deficientes - que têm direito de cinco a 20% das vagas dos concursos públicos - precisam de condições para trabalhar na função em que estiver.
Quando o deficiente é aprovado e começa no estágio probatório a prefeitura tem que dar todo apoio para que ele consiga superar a deficiência, ressalta a defensora pública, Neyla Ferreira Mendes.
Telma Nantes protocolou nesta tarde, no gabinete da prefeitura, o requerimento para tomar posse. Ela informou também que pediu atendimento à procuradoria do município.
Apesar das recomendações da prefeitura para que seja empossada, ela garantiu que não vai abrir mão da ação judicial. Segundo Telma, a questão não é dinheiro e sim direito à inclusão.